Materiais de Construção podem ficar mais caros em São Paulo

Com a publicação do decreto nº 49.487/07, no último dia 13 de maio, que regulamenta o trânsito de caminhões na zona máxima de restrição de circulação da cidade de São Paulo a partir do dia 30 de junho, a Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) prevê um aumento de 200% no custo do transporte da tonelada dos materiais de construção a serem entregues nessas áreas. 

Estudos da entidade revelam que, para entregar a mesma quantidade de produtos de um caminhão, serão necessários três VUCs (veículos urbanos de carga), elevando as despesas com a entrega dos atuais R$ 48,00 para R$ 112,00 a tonelada. 

Isso porque, para realizarem as entregas, as lojas terão os custos praticamente triplicados: serão três motoristas, três veículos (que demandam manutenção e combustível) e três ajudantes. Assim, será inevitável que parte desse valor seja repassada ao consumidor final. 

Vale lembrar que a realização de entregas com os VUCs ainda não foi liberada pela Prefeitura Municipal de São Paulo.

Segundo o decreto municipal 48.338/07, veículo urbano de carga é aquele com largura máxima de 2,20 metros e cumprimento máximo de 6,30 metros. Nesses veículos, materiais como tubos de pvc e vergalhão (produtos de 6 a 12 metros de comprimento) não poderão ser transportados. 

Outro problema é com relação ao peso, pois a carga líquida de cada VUC é de 1500 kg, ou seja: 30 sacos de cimento ou 60 metros quadrados de revestimentos cerâmicos. 

“Os pedidos padrões dos clientes que estão construindo ou reformando são superiores a essa quantidade, principalmente os dos home centers. 

Hoje, um caminhão consegue entregar uma compra média, mas com a restrição serão necessários de 3 a 6 VUCs para fazer a mesma entrega”, declara Conz. 

A solução para transportar os materiais que não couberem nos VUCs até a casa dos consumidores é fazê-lo no período noturno. “Neste caso, de acordo com o decreto, só poderíamos iniciar a entrega após às 21h00. No entanto, é preciso lembrar que não se pode fazer barulho na cidade após às 22h00 graças ao PSIU – Programa de Silêncio Urbano – , que controla e fiscaliza a emissão de ruídos na cidade. Assim, teríamos uma hora para realizar entregas de material de construção, o que é praticamente inviável”, completa Conz..

 Ele ainda lembra que os condomínios residenciais, majoritariamente presentes nessas áreas de restrição, terão que se adaptar a essa nova realidade. “A maioria dos condomínios, hoje, não permite o recebimento de mercadorias após às 22h00”, declara. 

No Rio de Janeiro, cidade que adotou a restrição de caminhões no início do mês de maio, passados apenas 12 dias da publicação do decreto, a Justiça fluminense havia concedido três liminares suspendendo a norma para distribuidoras de bebidas, combustíveis e à Associação dos Supermercados do Rio de Janeiro. Todos eles atestaram que o prazo dado pelo decreto não permitiu que as empresas adaptassem suas estratégias de logística. 

A Anamaco defende a liberação dos caminhões o dia todo, em um sistema em que caminhões com número final da chapa par, poderiam circular nos dias pares, e caminhões com chapa final ímpar, em dias ímpares. “Com menos caminhões nas ruas, o comércio seria obrigado a otimizar as suas entregas, ou seja, cada veículo sairia com o máximo possível de carga e isso já acarretaria em uma redução de mais de 50% dos caminhões nas ruas de São Paulo”, afirma Conz. 

O presidente da Anamaco ainda diz que a entidade está colaborando ao máximo com o poder público, mas que não abre mão de tomar medidas judiciais, caso seja necessário. “Temos que garantir, também, que os nossos clientes não sejam prejudicados por uma medida que certamente vai prejudicar o livre exercício da nossa profissão e ao código de defesa do consumidor”, finaliza Conz.

Autor: Assessoria de imprensa