FAA testa sensor que detecta fragmentos de objetos estranhos

Na extremidade da pista de pouso do aeroporto internacional Logan, em Boston, um técnico observava um sensor amarelo escanear lentamente todo o pavimento, avançando e recuando sistematicamente. Ele esperou até que ele apontasse em uma direção diferente da sua e, como um homem tentando esquivar-se de um daqueles regadores automáticos para gramados, correu até o meio da pista de 45 metros, jogou uma caneta de plástico e voltou rapidamente. 

O sensor está sendo testado pela Federal Aviation Administration para detectar “foreigh object debris” (fragmentos de objetos estranhos), conhecidos como Fod, que podem causar danos aos motores das aeronaves no momento da decolagem e mesmo levar a colisões. 

Nesta ocasião, ele funcionou. Em menos de um minuto, um computador na torre de controle a 800 metros de distância soou um alarme que dizia através de uma voz mecânica: “Alerta Fod, alerta Fod”. 

Câmara na pista
A câmara na extremidade da pista automaticamente deu um zoom na caneta a quase 23 metros de distância e, na imagem que apareceu na tela do computador na torre de comando, o computador desenhou um quadrado vermelho ao redor do objeto para destacar a sua localização. Um segundo funcionário anunciou, então, através do rádio: “eu vejo uma caneta”. 

Em seguida, ambos os funcionários realizaram o mesmo teste com um pedaço de metal do mesmo tipo que caiu de uma aeronave DC-10 da Continental Airlines no aeroporto Charles de Gaulle em Paris no dia 25 de junho de 2000. Naquele dia um Concorde da Air France que levantava vôo quatro minutos depois, passou por cima desse fragmento metálico e furou um dos pneus. Pedaços de borracha voaram para debaixo de uma asa com tanta força que o tanque de combustível rompeu-se, dando início a um incêndio. O avião chocou-se contra um hotel nas proximidades, matando todas as 109 pessoas a bordo e mais quatro no solo. 

Verbas federais
O teste em Logan é um dos quatro que estão sendo feitos pela Federal Aviation Administration nos Estados Unidos. Se o novo sistema mostrar-se melhor do que o olho humano, que em geral tem que ver através do vidro do pára-brisa do carro, a FAA pretende adotar o sistema. Os aeroportos poderão requerer verbas federais para implantá-lo. 

O custo exato ainda não está definido e as companhias aéreas não estão com tanta pressa de ver um aeroporto gastar dinheiro em algo que certamente aumentará as taxas de pouso. Outros, no entanto, vêem benefícios óbvios. 

Objetos estranhos
Os engenheiros do setor aéreo são extremamente confiáveis, uma das razões pelas quais é tão seguro viajar de avião. Entretanto, eles são muito vulneráveis a objetos estranhos que podem ser sugados pelas turbinas, causando falhas e altos prejuízos financeiros. Mesmo em casos onde há pouco risco, o custo dos reparos e o tempo perdido pode chegar a bilhões de dólares por ano, de acordo com estimativas da Boeing e da FAA

Autor: Gazeta Mercantil