Greve de fiscais afeta produção em indústrias

A greve dos auditores fiscais da Receita Federal já afeta a produção nas indústrias de eletroeletrônicos e de veículos de São Paulo, uma vez que as empresas sofrem com a falta de matérias-primas em algumas linhas de montagem, afirmou o diretor de Comércio Exterior da Ciesp/Fiesp, Ricardo Martins. A situação pode se agravar, pois o movimento grevista dos funcionários da Receita Federal, iniciado no dia 18 de março, não tem perspectiva de ser encerrado nesta semana, segundo o secretário-geral do sindicato da categoria (Unafisco), Rogério Calil. 

“Hoje, os setores que mais sofrem são a indústria automobilística e de eletroeletrônicos. Têm componentes importados da linha de produção (parados nos portos). Dessa forma, algumas já começaram a parar. Por mais que uma empresa esteja precavida, não tem estoques para suprir essas necessidades”, disse o diretor da Ciesp/Fiesp. Segundo Martins, a greve dos fiscais ocorre em um momento em que a indústria de eletroeletrônicos, por exemplo, vinha contratando mais para fazer frente à demanda adicional gerada pela proximidade do Dia das Mães, em maio. 

A situação não prejudica muito o embarque de produtos alimentícios, como grãos e carnes, porque tais mercadorias estão sendo priorizadas pelo efetivo de 30% dos fiscais que mantêm as atividades. No entanto, no porto de Paranaguá (PR), um outro protesto, o dos trabalhadores portuários e estivadores autônomos, diminui o ritmo de descarregamento de grãos no porto. Os manifestantes apenas realizam a descarga de seis caminhões por hora com grãos, quando normalmente mais de 200 seriam atendidos. 

Os navios em Paranaguá, um dos mais importantes para a exportação de produtos agrícolas, ainda continuam sendo carregados, mas se a operação-padrão continuar por muito tempo os estoques do porto podem ficar em níveis que inviabilizariam a exportação.
Indústria usa liminares – O problema não é mais grave no Porto de Santos (SP) porque as indústrias têm se apoiado em decisões judiciais para liberar as mercadorias cujo trâmite está sendo atrasado pela greve dos fiscais da Receita Federal. 

Das cerca de 2 mil indústrias associadas à Fiesp, ao menos 750 já utilizaram a liminar que obriga os fiscais a liberar as cargas. “Esse número é muito expressivo. Isso demonstra o número de empresas prejudicadas pela greve”, acrescentou Martins.
Em outros portos do país, o mesmo subterfúgio vem sendo utilizado. O representante da indústria paulista, a mais representativa do País, afirmou que até sexta-feira o setor calculava em US$ 350 milhões o valor das mercadorias paradas em portos e aeroportos de São Paulo.

Autor: Gazeta Mercantil