Em um relatório de 193 páginas divulgado pela empresa em seu site nesta quarta-feira, ela diz que o desastre ocorrido após a explosão de uma plataforma operada pela BP veio após “uma série complexa e interligada de falhas mecânicas, julgamentos humanos, projetos de engenharia, implementação operacional e relacionamento de equipe”.
Clique aqui e veja a íntegra do relatório.
Em 20 de abril, a explosão afundou a plataforma de exploração Deep Horizon, no Golfo do México, causando a morte de 11 funcionários.
Um vazamento em um poço lançou ao mar, entre abril e julho, o equivalente a 4,9 milhões de barris de petróleo, causando grandes prejuízos à vida animal, ao turismo e à economia da região, no que vem sendo considerado o pior desastre já ocorrido com a exploração de petróleo no mundo.
A BP alugava a plataforma, que pertencia à empresa Transocean. A responsável pela cimentação do poço era a empresa americana Halliburton.
Interpretação errada
Em seu relatório, a BP afirma que tanto a sua equipe quanto a da Transocean interpretaram incorretamente os resultados de um teste de segurança, que deveria ter alertado para riscos de explosão na plataforma.
“Em um período de 40 minutos, a equipe da Transocean na plataforma falhou em reconhecer e agir no influxo de hidrocarbonetos dentro do poço de perfuração”, diz o texto.
O relatório também critica a cimentação do poço, a cargo da Halliburton, e o dispositivo de prevenção de explosões. O equipamento, que falhou no dia da explosão, foi retirado do mar no último sábado e transportado para instalações da Nasa perto de Nova Orleans, onde será examinado.
Segundo o presidente-executivo da BP, Tony Hayward, cimentação “mal-feita” e falhas no revestimento permitiram que “hidrocarbonetos vazassem do reservatório para o compartimento de produção”.
“O resultado do teste negativo de pressão foi aceito quando não deveria ter sido, houve falhas nos procedimentos de controle do poço e no dispositivo de prevenção de explosões e o sistema de detecção de fogo e gás da plataforma não impediu a ignição”, disse o presidente-executivo da BP, Tony Hayward, que já anunciou sua saída do cargo.
Outro lado
Em resposta, a Transocean rebateu as críticas. “Tanto no projeto quanto na construção (do poço), a BP tomou uma série de decisões para economizar custos que aumentaram o risco – em alguns casos, severamente”, afirmou a empresa, em comunicado.
A Halliburton também rejeitou a culpa. Em nota à imprensa, disse que o relatório da BP tem “omissões substanciais e imprecisões”.
O poço foi lacrado em 15 de julho, mas uma operação para fechá-lo permanentemente está prevista para ocorrer dentro de algumas semanas.
A BP gastou até agora US$ 8 bilhões para combater o vazamento, e as indenizações já pagas pela empresa às pessoas afetadas pelo desastre chegam a US$ 399 milhões.
Uma comissão de investigação conduzidas nos Estados Unidos sobre o caso deverá entregar um relatório ao presidente americano, Barack Obama, em janeiro de 2011. O acidente no Golfo do México também está sendo apurado por uma comissão mista do Congresso e pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Autor: BBC