Por Reginaldo A. de Paiva – Os maiores cientistas brasileiros e a sociedade que destrói seus heróis

Por REGINALDO A. DE PAIVA*

Por que o Brasil nunca venceu um Prêmio Nobel?
Entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura, em 18/06/2018, o engenheiro Osires Silva, sobre o assunto, fez o seguinte relato.

“Em um jantar, em Estocolmo, eu vi que eu tinha, de repente, três membros do comitê que indica os prêmios Nobel. Daí, fiz esta pergunta para eles. Eles não responderam imediatamente, porque acho que ficaram meio embaraçados, mas acho que, depois de umas doses de vodca e coisas desse tipo, um deles falou o seguinte:

‘Vou responder sua pergunta. Vocês brasileiros são destruidores de heróis.’

Olha, foi uma pancada no estômago.
Falei, ‘por quê?’
Ele falou que todos os candidatos brasileiros que apareceram, contrariamente aos dos outros países, em particular os dos Estados Unidos, quando aparece um candidato brasileiro, todo mundo, do Brasil, joga pedra. Não tem apoio da população.
Parece que o brasileiro desconfia do outro ou tem ciúmes do outro, sei lá o que acontece.”

O Prêmio Nobel, estabelecido em 1901, registra sua primeira outorga em 1903; apenas em 1936, registra-se a premiação de um latino-americano, um argentino – Carlos Saavedra Lamas – pelo armistício que colocou fim à Guerra do Chaco (1932/1935).

De se considerar o incômodo que a Comissão do Nobel sente, desde o recebimento da indicação de Hitler, em 1939, para o Prêmio da Paz, para as indicações que lhes chega de governos militares e de ditaduras.

POSSÍVEIS MOTIVOS PARA A “DESTRUIÇÃO DE HERÓIS” NO BRASIL

Um primeiro ponto, a se considerado: no período de 90 anos decorridos desde 1932, – quando o primeiro Nobel foi atribuído a um latino-americano – 38 anos (42,2% do tempo) foram de ditaduras militares (1932 a 1945 e de 1964 a 1989) e 9 anos de governos militares eleitos (1946 a 1950 e de 2019 a 2022), totalizando 47 anos (51% do tempo) de governos que registraram restrições e vetos a alguns nomes indicados para o Nobel.

Um segundo ponto é o citado por Osires Silv. apedrejamento por “desconfiança ou ciúme”. Este apedrejamento não ocorre apenas com os indicados ao Nobel; abarca também com os homenageados internamente no país.

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REGINALDO A. DE PAIVA*

Diretor secretário da Diretoria Executiva (2014/2015); representante do Instituto de Engenharia na Comissão Pré-Centro e na Operação Urbana Águas Espraiadas e na Comissão Licitatória de Concessões Rodoviárias (Secretaria de Estado dos Transportes); membro do Conselho Editorial da Revista Engenharia.

*Os artigos publicados com assinatura, não traduzem necessariamente a opinião do Instituto de Engenharia. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.