Climatologista brasileiro Carlos Nobre recebe medalha de honra em nome da Rainha Elizabeth II

Medalha de Oficial da mais Excelente Ordem do Império Britânico foi entregue por Embaixada do Reino Unido no Brasil, Melanie Hopkins, em cerimônia em Brasília

Climatologista brasileiro Carlos Nobre recebe das mãos da Embaixadora a Medalha de Oficial da mais Excelente Ordem do Império Britânico, conferida em nome da rainha Elizabeth II Foto: Embaixada Britânica no Brasil/Divulgação

O climatologista brasileiro Carlos Nobre recebeu nesta quinta-feira, 18, o certificado e a Medalha de Oficial da mais Excelente Ordem do Império Britânico conferidos em nome da rainha Elizabeth II. A entrega ocorreu em cerimônia na Embaixada do Reino Unido no Brasil, em Brasília, com a presença de diplomatas e representantes da comunidade científica. Antes da pandemia a honraria era conferida pela monarca presencialmente em Londres.

De acordo com a Embaixadora Interina do Reino Unido no Brasil, Melanie Hopkins, o reconhecimento é resultado do trabalho de décadas de Nobre, que é pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), dedicado ao meio ambiente e ao estudo dos efeitos das mudanças climáticas.

“É um reconhecimento à contribuição excepcional para a compreensão científica dos impactos das mudanças climáticas. Cientistas nos ajudam a perceber os efeitos de tudo isso no planeta e fornecem subsídios para a definição de políticas de enfrentamento desta crise, a níveis nacional e internacional”, afirma a embaixadora.

Para Nobre, a medalha é o reconhecimento de 40 anos de pesquisas ligadas à Amazônia e expressa também o alerta do mundo em relação à saúde do bioma. “Dediquei minha vida à Amazônia e essa medalha passa também a mensagem da preocupação do mundo com a floresta”, afirma. “É também o reconhecimento da ciência brasileira no mundo.”

Em maio de 2022, Nobre foi eleito integrante estrangeiro da Royal Society, instituição britânica – fundada em 1660 – considerada uma das mais antigas e prestigiadas sociedades científicas do mundo. Esse título  havia sido concedido anteriormente a apenas um brasileiro: Dom Pedro II. O reconhecimento do trabalho dele no exterior também motivou o convite para que o professor brasileiro se tornasse integrante estrangeiro da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (NAS) e da Academia Mundial de Ciências (TWAS).

Pesquisador da área ambiental há mais de 40 anos, Nobre formulou a hipótese de “savanização” da Amazônia, por causa do avanço rápido do desmatamento. No IEA, o pesquisador desenvolve o projeto Amazônia 4.0, que busca a construção de fábricas portáteis e altamente tecnológicas para aprimorar as cadeias produtivas na região de forma sustentável, tanto para a floresta, quanto para as comunidades locais.

Nos últimos anos, Nobre integrou o comitê de pesquisa e inovação que aconselhou o desenvolvimento dos programas do governo britânico no Brasil na área de meio ambiente. Ele foi autor de vários relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), incluindo o de 2007, reconhecido com o Prêmio Nobel da Paz.

Em 2012, ele foi Coordenador Científico da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio +20) e, no ano seguinte, foi indicado pelo secretário-geral da ONU para o Painel de Aconselhamento Científico sobre Sustentabilidade Global.

Fonte: Estadão