Docentes do curso de Engenharia Florestal da UFU desenvolvem pesquisas sobre o tachi-branco

Os resultados têm evidenciado o potencial da madeira para a produção de energia e a forte aptidão para a recuperação de solos degradados.

Tachi-branco, Árvore de aproximadamente 9 anos em um dos experimentos realizados pelo professor Alvaro Soares da UFU — Foto: Alvaro Soares/Arquivo pessoal

Professores do campus Monte Carmelo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) desenvolvem pesquisas sobre a árvore da espécie tachi-branco. Os resultados foram apresentados no I Workshop Online – Florestas de Tachigali vulgaris, realizado no início de outubro.

Os resultados têm evidenciado o potencial da madeira para a produção de energia, com poder calorífico compatível com o de espécies tradicionalmente utilizadas, como o eucalipto e também a forte aptidão para a recuperação de solos degradados, pelo rápido crescimento, produção intensa de serrapilheira – camada acima do solo, rica em nutrientes, formada por matéria orgânica em diferentes fases de decomposição – e também pela associação com bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico, o que a torna um fornecedor de nitrogênio ao solo.

Junto a Soares, Daniele Arriel, também docente do curso de Engenharia Florestal, apresentaram no workshop os principais resultados das pesquisas desenvolvidas a partir de plantios experimentais de tachi-branco no município de Almerim, norte do Pará, implantados pela empresa florestal Jari em parceria com a Embrapa Amazônia Oriental.

Produção de madeira

Soares expôs seu estudo sobre os padrões de crescimento da espécie quando cultivada em plantios puros, a monocultura, e como eles respondem a fatores de manejo, como o espaçamento inicial de plantio e a fatores relacionados à composição e à natureza do solo, como a textura, por exemplo.

Os resultados mostraram que os plantios de tachi-branco analisados apresentam uma produtividade de madeira expressiva, podendo chegar a 25 metros cúbicos por hectare por ano.

“O crescimento encontrado para estes experimentos pode ser considerado muito promissor, especialmente por se tratar de uma espécie selvagem, ou seja, que que ainda não passou por nenhum processo de melhoramento genético”, disse Soares.

Melhoramento genético

Arriel compartilhou a pesquisa sobre o melhoramento genético de Tachigali vulgaris para plantações homogêneas. Ao estudar testes de procedência e progênie, a pesquisa mostrou que há potencial de selecionar locais de origem e árvores-matrizes, aquelas fornecedoras de sementes, que geram árvores mais produtivas e com melhor qualidade do tronco.

Para o pesquisador, iniciativas como o workshop são imprescindíveis para incentivar a disseminação de plantios de espécies madeireiras nativas, fator estratégico para a valorização da flora nacional e para a diversificação da produção florestal do Brasil.

“Essa é uma forma de aprendizado mútuo e de compartilhamento de conhecimento entre os pesquisadores que vêm se dedicando a desenvolver a silvicultura desta espécie e de outras espécies arbóreas nativas”, afirmou.

Os estudos também tiveram colaboração do professor Rodrigo Miranda, do curso de Engenharia Florestal da UFU, e de estudantes de graduação e pós-graduação da universidade e de outras instituições. O evento contou com outros palestrantes de universidades e instituições brasileiras, do Serviço Florestal Brasileiro e de uma universidade peruana.

O workshop foi realizado com apoio das instituições: Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/USP (Esalq/USP), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade Federal de Lavras (Ufla), Fundação para a Conservação e Proteção Florestal de São Paulo e Serviço Florestal Brasileiro (SFB).

As palestras do evento estão disponíveis no canal de vídeos na internet do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal da Amazônia (Ufra).

O estudo recebeu financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). As campanhas realizadas para coleta de dados contaram com o apoio logístico da Embrapa Amazônia Oriental e da Jari Celulose.

Fonte: G1