A arrecadação de royalties do petróleo no estado do Rio de Janeiro subiu 225% em 11 anos, saltando de R$ 1,2 bilhão de janeiro e julho de 2010 para R$ 3,9 bilhões no mesmo período de 2021. Os dados constam no 6º Anuário do Petróleo, lançado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), e que reúne dados do setor no estado e análises sobre as expectativas para o próximo período.
O crescimento vem ocorrendo de forma mais intensa desde 2017, embora de lá pra cá tenha ocorrido dois momentos de queda significativa na arrecadação. Um entre o fim de 2018 e o início de 2019 e outro no meio do ano passado, em meio aos efeitos da pandemia da covid-19. Em ambos os casos, porém, a recuperação não demorou.
“O estado recebeu no primeiro semestre de 2021 o equivalente a 21% do total em royalties gerados nacionalmente. Nos seis primeiros meses de 2021, o montante arrecadado cresceu 37% em relação aos valores do ano passado e já chega a 72,57% do arrecadado em 2019”, registra o anuário.
Conforme o documento, os resultados abrem uma oportunidade para a recuperação estrutural do estado. “Ao refletir em maior investimento público pode, assim, proporcionar um retorno socioeconômico também para municípios e toda população, fortalecendo fundamentalmente a base industrial como forma de consolidar a geração de emprego formal e a criação de renda”.
De acordo com Karine Fragoso, gerente de Petróleo, Gás e Naval da Firjan, além do aumento da arrecadação de royalties, há outros três destaques nesta edição. “Comparando com a primeira edição do anuário, lançada em 2016, tivemos um registro, cinco anos depois, de aumento da produção no território do Rio de Janeiro. Também houve aumento da utilização do parque de refino do Rio de Janeiro. E ainda um aumento da participação dos empregados fluminenses na cadeia fornecedora do país, de 33% para 53% já em 2020”, disse.
O Rio de Janeiro responde atualmente por 83% da produção de petróleo no país em áreas marítimas (offshore). Das 10 plataformas marítimas, nove estão no estado. A Bacia de Santos, que se estende desde o litoral sul fluminense até o norte catarinense, contribuiu com 66% da produção nacional de petróleo em 2020 e já alcança quase 70% em maio de 2021.
A extração na camada pré-sal é responsável por mais de 70% do petróleo e do gás natural produzidos no país. Os campos de maior destaque na Bacia de Santos, Tupi e Búzios, ambos na costa fluminense, foram responsáveis, respectivamente, por 42% e 26% da produção do pré-sal no mês de maio.
O anuário vê um cenário positivo para os negócios do setor com o avanço da campanha de vacinação contra a covid-19 ao redor do mundo. A Firjan projeta uma alta da produção mundial, o que contribuiria para diminuir os preços do petróleo, que têm atingido valores bem altos, girando em torno de US$ 76 o barril. Por enquanto, a tendência é de crescimento. “Para o Brasil, em particular, com os valores de câmbio, os impactos são ainda mais significativos, já que nunca antes o barril de petróleo atingiu patamares tão altos quando convertido para valores em reais”, registra o documento.
Transição energética
O anuário também reúne dados históricos dos processos de transição energética. São evidenciados dois movimentos claros, o primeiro é o crescimento do uso do carvão em detrimento da lenha na segunda metade do século 19 e o segundo envolve o aumento da utilização do petróleo, que é a maior fonte de energia desde a segunda metade do século passado até os dias atuais. Porém, mesmo sendo o maior emissor de gases de efeito estufa e com a expansão do uso de energias renováveis, o carvão ainda representa 27% do total consumido de energéticos no mundo.
Segundo o anuário, a indústria de petróleo e gás natural pode ser uma aliada para impulsionar o desenvolvimento das matrizes de energia limpa. São citados bons resultados no segmento de geração eólica offshore, que tem ajudado a aumentar a vida útil de campos marítimos, pois permite a redução de queima de hidrocarbonetos para viabilização da produção.
A Firjan vê o gás natural como fundamental para o processo de transição, “por ser o combustível fóssil com a menor emissão de gases de efeito estufa e por garantir a estabilidade necessária ao sistema elétrico”.
De acordo com os dados divulgados, a produção fluminense de gás natural vem subindo de forma acentuada nos últimos anos, saltando de uma média diária de 30,4 milhões de metros cúbicos em 2014 para 81 milhões de metros cúbicos em 2020.
Desde o ano passado, o anuário deixou de ser apenas um documento que reúne os dados do ano anterior e passou a incluir também um painel virtual dinâmico onde as informações são atualizadas com maior periodicidade. Dessa forma, ele já contabiliza alguns números de 2021.
Na edição lançada hoje, o anuário passou a incluir novos dados relacionados à participação dos principais países na indústria e no mercado global; às comparações do setor no Rio de Janeiro com as demais unidades da federação; à produção por plataforma; à distribuição de derivados no estado e à produção de biodiesel e etanol. Também foi elaborado um mapa digital dos principais pontos de petróleo no estado.
Devido à pandemia da covid-19, é o segundo ano em que o evento de apresentação dos dados é realizado de forma online. O anuário foi lançado durante a websérie Óleo, Gás e Naval, que reúne até amanhã (25) representantes de órgãos e empresas do setor.
O ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque, gravou uma saudação que foi transmitida durante o evento.
“O Brasil encontra-se em posição de destaque no cenário internacional com uma produção de 2,9 milhões de barris de petróleo por dia. Essa produção nos coloca como sétimo maior produtor do mundo, havendo a expectativa de atingirmos a quinta posição no ranking até 2030. Essa evolução se deve aos produtivos campos do pré-sal, que estão sendo gradativamente desenvolvidos e colocados em produção”, disse o ministro.
De acordo com Agência Brasil.