Metrô de SP investe em projetos de infovia e logística para atrair mais receita

Companhia quer utilizar túneis e estações para serviços de telecomunicações além de transporte de encomendas, entre outros projetos comerciais a fim de alavancar potencial de negócios da malha sobre trilhos

Túnel do Metrô: infovia e transporte de encomendas (CMSP)

Com prejuízos financeiros seguidos, o Metrô de São Paulo tem ampliado as ações voltadas a ampliar as receitas não tarifárias, ou seja, que não advém do transporte de passageiros, sua atividade. A companhia, que já explora algumas modalidades como varejo, desenvolvimento imobiliário, publicidade e serviços, pretende se aventurar em segmentos bastante inovadores.

Foi o que explicou o diretor comercial do Metrô, Claudio Ferreira, durante workshop promovido pela ANPTrilhos – Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos – na semana passada.

Embora alguns desses projetos já sejam de conhecimento público, como a concessão dos ‘naming rights’ de algumas estações (direito de renomeá-las), o executivo deu mais detalhes sobre o que a empresa tem buscado estudar a fim de aumentar o leque de fontes de receitas acessórias.

Confira a seguir os principais temas:

“Shopping subterrâneo”

Ferreira afirmou que as áreas comerciais da Linha 3-Vermelha, a mais movimentada do Metrô, serão concedidas em bloco nos moldes do que foi feito nas linhas 2-Verde e 1-Azul. A licitação, segundo ele, deve ocorrer nos próximos três meses.

A concessão para apenas uma empresa é uma mudança de visão da companhia que até então fechava contratos individuais em muitos casos. Para o diretor comercial, uma das vantagens de conceder o conjunto de áreas para um grupo apenas é deixar de administrar tantos contratos, o que causava vários problemas no dia a dia. “Nós vamos desonerar o Metrô no que diz respeito à administração de contratos”, disse.

Mais shoppings centers

O Metrô hoje explora seis contratos de parceria em shoppings centers em São Paulo e deve ampliar essa área de atuação. Segundo Ferreira, uma área de 5,7 mil m² ao lado da estação Marechal Deodoro e outra de 5,2 mi m² na estação Luz deverão tornar-se centros de compra no futuro.

Já o espaço hoje ocupado pelo terminal de ônibus da estação Vila Madalena será concedido para a construção de um complexo de uso misto que incluirá moradias. É um projeto semelhante ao que está prestes a ser iniciado em outros sete terminais concedidos recentemente.

Infovia

Talvez um dos projetos mais ambiciosos envolve o que o diretor comercial do Metrô chamou de ‘infovia’, que envolve o uso dos túneis e vias das linhas para receber infraestrutura de telecomunicações. Entre as possibilidades estão a instalação de fibra ótica, cabo irradiante e novas tecnologias não detalhadas na apresentação.

“Só sei que temos uma mina de ouro aí”, reconheceu Claudio, sem especificar como o Metrô pretende explorar esse segmento. O que se entende nesse caso é que a infraestrutura da companhia poderá servir para que empresas aproveitem a facilidade de instalação nas vias para oferecer serviços cada vez mais necessários de telecomunicações e a companhia ganhará por isso. Um dos benefícios, segundo ele, é que o Metrô poderá oferecer wi-fi de alta qualidade dentro dos trens em breve.

Geração de energia

A empresa está estudando o potencial de geração de energia elétrica em suas instalações, sejam estações, poços de ventilação ou pátios de manutenção. A ideia é que isso reduza os custos com contratos de fornecimento de energia para operação, seja ao aproveitar a própria geração ou repassando essa produção ao mercado. Segundo a empresa, a meta será ser autossuficiente até 2027.

Metrologística

O projeto mais curioso envolve transformar estações e túneis em parte de uma rede logística de entregas. Claudio explicou que o transporte de pequenas mercadorias que hoje circulam em veículos como motos e vans passe a ser levada pelas linhas em horários fora de pico. Para os usuários, haveria a possibilidade de despachar e receber esses volumes nas estações, trazendo comodidade e rapidez também nessa área. Há ainda a possibilidade de utilizar alguns terrenos para servirem de armazéns logísticos próximos às estações, diz ele.

Fonte: Metrô CPTM