IE NA MÍDIA – Falta de integração na Grande SP pune passageiro e sistema de transporte

Dezesseis anos depois da implantação do Bilhete Único na capital, os passageiros das cidades da Grande São Paulo ainda sofrem com a falta de integração. Especialistas defendem a criação de uma autoridade metropolitana para gerenciar o transporte de toda a região.

Foi só no ano passado que o bilhete que permite o embarque em mais de um ônibus com uma só passagem chegou a Osasco, na Grande São Paulo. Ainda assim, o serviço só funciona nos ônibus municipais. Para pegar um ônibus da EMTU ou o trem, o passageiro precisa pagar mais uma tarifa integral. Com isso, é comum que os usuários prefiram usar o ônibus intermunicipal, mesmo dentro da cidade, porque permite a integração por meio do cartão BOM.

Situações como essa se repetem em diferentes regiões da Grande São Paulo, sempre penalizando o usuário. O consultor em planejamento urbano Caio César Ortega ressalta que a falta de integração acaba afetando o próprio sistema de transporte:

“Você acaba canibalizando o municipal, você vai lotar o intermunicipal para fazer um deslocamento interno porque você não tem racionalidade na política tarifária.”

Para resolver esse problema, o diretor do Departamento de Mobilidade e Logística do Instituto de Engenharia, Ivan Whately, defende a criação de uma autoridade metropolitana. Além de possibilitar a integração tarifária, ela também faria a gestão de todo o transporte da Grande São Paulo:

“Se é para funcionar um corredor junto com uma linha de metrô, tinha que ter um sistema inteligente de computadores para regular a oferta de lugares e a demanda de passageiros, isso vai ter que ser regulado. No mundo inteiro é assim. Nós não podemos continuar com sistemas burros como os que nós temos. É falta de inteligência total.”

Um entrave para esse modelo seria a autonomia dada aos municípios pela Constituição Federal, o que poderia ser superado pela criação de consórcios entre cidades. Foi o que ocorreu na Região Metropolitana de Goiânia, como destaca o coordenador do Programa de Mobilidade do Instituto de Defesa do Consumidor, Rafael Calabria:

“Você vai para Goiânia, Trindade, Aparecida, Senador Canedo, é o mesmo sistema, tarifa unificada. Foi um exemplo que conseguiu avançar muito, apesar do marco constitucional ser bastante municipalista.”

Na Região Metropolitana do Recife, o usuário consegue pagar uma só passagem, desde que troque de ônibus em um dos 26 terminais integrados em 14 cidades.

Questionado pela CBN, o governo João Doria não respondeu se avalia a proposta de criação de uma autoridade metropolitana em São Paulo.

Fonte: CBN