O desempenho de seis estudantes brasileiros colocou o Brasil entre os dez países com mais pontuação na 61ª Olimpíada Internacional de Matemática (IMO). Este é o melhor resultado da história, superando o feito de 2009, quando o País esteve na 15ª colocação. Em 2020, com 165 pontos, a equipe ficou à frente de países como Japão, França, Alemanha e Canadá. Todos os jovens conquistaram medalhas, sendo uma de ouro e cinco de prata.
Um dos premiados com medalha de prata foi Francisco Moreira Machado Neto, de 19 anos, que mora em Fortaleza, no Ceará. Ele finalizou o colégio no ano passado, mas afirma que o interesse em participar da IMO começou muito antes. No nono ano, foi premiado com menção honrosa na Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM).
“Depois da menção honrosa, comecei a acompanhar mais sobre olimpíadas de matemática. Coloquei como desafio participar da IMO e comecei a me dedicar muito. Conversei com professores que já tinham participado. Durante o ensino médio, participei de treinamentos e outras competições, tanto que neste ano nem comecei a fazer faculdade. Minha meta era a IMO. Sempre tive vontade de representar o Brasil na competição internacional. A equipe como um todo conquistou medalha neste ano. Fiquei muito feliz”, disse o estudante.
“Esse foi o melhor ano para nós. Ficamos entre os dez melhores, ocupando a décima colocação. Foi nosso recorde de pontuação e medalhas com um ouro e cinco pratas. Todos os seis participantes premiados”, comemorou Carlos Gustavo Moreira, pesquisador do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), coordenador-geral da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) e líder do time da IMO 2020. Com a medalha de ouro deste do ano, o Brasil já acumula 11 medalhas de ouro na competição, disse Moreira, que ganhou uma delas em 1990 na edição realizada na China.
Diante da pandemia do novo coronavírus, inicialmente prevista para acontecer em julho, em São Petersburgo, na Rússia, a IMO precisou ser adaptada para o formato online. A competição aconteceu entre 19 e 28 de setembro, com realização das provas nos dias 21 e 22, em centros de aplicação de cada país previamente aprovados pelo conselho consultivo da organização. No Brasil, as provas, que tiveram duração de 4 horas e meia, foram realizadas com todas as medidas de saúde e de segurança, no Ceará e no Rio de Janeiro, com necessidade de deslocamento aéreo de somente dois estudantes que moram em outros estados. Além de representantes brasileiros e fiscais estrangeiros no local da prova, fiscais internacionais também monitoraram a todo o momento os participantes. Os vencedores da olimpíada foram conhecidos na segunda-feira, 28.
Neste ano, para amenizar a ausência dos encontros presenciais entre estudantes e matemáticos, uma série de atividades virtuais procurou integrar os participantes da olimpíada pelas redes sociais.
Para participar da Olimpíada Internacional de Matemática, o grupo passou por três testes seletivos que aconteceram entre novembro do ano passado e julho deste ano, além de intensos treinamentos. Os jovens selecionados são medalhistas da 41ª OBM e também foram premiados em olimpíadas nacionais e internacionais.
No terceiro ano do ensino médio, Gabriel Ribeiro Paiva, de 17 anos, que mora em Fortaleza, também conquistou prata na IMO deste ano. Para ele, a participação em campeonatos anteriores foi essencial para o desempenho positivo na maior competição científica do mundo. “Participei da Olimpíada Ibero-americana de Matemática no ano passado (ouro), da Olimpíada de Matemática do Cone Sul (prata) e da Olimpíada de Matemática da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (ouro). Desde o sexto ano também participo da OBM, conquistando menção honrosa, 2 medalhas de prata, 2 de ouro e 1 de bronze”, contou o estudante.
Além de premiados na edição anterior da OBM também são candidatos ao processo seletivo para representar o Brasil na IMO estudantes premiados na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), que nas últimas edições também começou a incluir colégios privados, e premiados em olimpíadas regionais que acontecem em diversos estados do Brasil e também no exterior. Neste ano, os calendários da OBM e da OBMEP estão sendo redefinidos para 2021, por causa da pandemia do novo coronavírus.
Equipe brasileira que participou da IMO 2020:
- Bernardo Peruzzo Trevizan, de São Paulo (SP) – Prata
- Guilherme Zeus Dantas e Moura, de Maricá (RJ) – Prata
- Pablo Andrade Carvalho Barros, de Teresina (PI) – Prata
- Francisco Moreira Machado Neto, de Fortaleza (CE) – Prata
- Gabriel Ribeiro Paiva, de Fortaleza (CE) – Prata
- Pedro Gomes Cabral, de Fortaleza (CE) – Ouro
Dez primeiros países na lista da IMO 2020, que reuniu 105 países:
- China – 215 pontos
- Rússia – 185 pontos
- Estados Unidos – 183 pontos
- Coreia – 175 pontos
- Tailândia – 174 pontos
- Itália – 171 pontos
- Polônia – 171 pontos
- Austrália – 168 pontos
- Reino Unido – 167 pontos
- Brasil – 165 pontos
Realizada desde 1959, a IMO é destinada a estudantes do ensino médio com idades entre 14 e 19 anos e que não tenham ingressado na universidade. Em 1979, o Brasil começou a participar como observador quando foi criada a Olimpíada Brasileira de Matemática. E desde 1981, participa oficialmente da competição.
O Brasil é o país latino-americano com maior número de medalhas na competição, totalizando em 142 até agora. No ano passado, a equipe conquistou duas medalhas de prata e quatro de bronze.
Fonte O Estado de S.Paulo