O que é o aerodesign?
Todo ano, estudantes do Brasil e do mundo são desafiados pela Competição SAE Aerodesign a projetar e desenvolver aeronaves experimentais. Elas parecem aviões de brinquedo. Mas cada projeto é único e exige conhecimentos técnicos profundos em engenharia aeronáutica.
As competições trazem problemas reais enfrentados pela indústria aeronáutica. Vencem os projetos com melhor concepção e desempenho.
Em nuvens brasileiras
O Brasil tem mais de 80 escolas de engenharia participando da competição, que rende trabalho para um ano inteiro. O regulamento é lançado entre fim de janeiro e início de fevereiro. Em julho, ocorre a entrega de um relatório sobre o projeto. A aeronave precisa estar pronta para voar em setembro, com um vídeo que comprove isso. No fim de novembro, começam os quatro dias de competição.
1º dia – Apresentações orais e recebimento das notas do relatório entregue em julho, que vale de 40 a 50% da nota do projeto inteiro.
2º, 3º e 4º dias – Competições de voo. Pesos são acrescentados aos aviões a cada voo para ajudar a avaliar o desempenho de cada equipe.
As competições trazem problemas reais enfrentados pela indústria aeronáutica. Vencem os projetos com melhor concepção e desempenho.
O sonho de alçar voo mundo afora
É preciso encantar os jurados da competição nacional para participar da internacional, que apresenta cerca de 100 equipes. Apenas os dois primeiros colocados são convidados a representar o País no evento que ocorre entre fevereiro e março.
A competição nacional é em novembro, o que dá apenas de 3 a 4 meses para os times daqui formularem seus projetos. Os times da América do Norte realizam suas competições em meados de julho e ganham mais tempo para desenvolver o avião. Mesmo com essa dificuldade, as equipes brasileiras costumam se destacar.
Os pilotos projetistas da USP
A Universidade possui três equipes de Aerodesign. Elas contam com a ajuda de professores orientadores para cuidar de documentos ou recursos físicos, como salas e laboratórios. A independência dos estudantes na realização dos projetos é assegurada.
Keep Flying
A Escola Politécnica (Poli) da USP, em São Paulo, já teve algumas equipes de Aerodesign. A Keep Flying é a única, atualmente. Participa das classes Micro e Regular, sendo a primeira feita por calouros e a segunda, por veteranos.
A equipe tem um grande acervo de prêmios e menções honrosas. Em 2018, receberam pontuação máxima na apresentação oral. Assim como a EESC-USP Aerodesign, conseguiram uma vaga para a competição internacional.
EESC-USP Aerodesign
A equipe da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP fo
i a primeira da Universidade. A ideia de criá-la surgiu em 1997, antes mesmo da competição nacional existir.
O time tem 40 membros, que se dividem para participar das três categorias. A classe Micro é feita pelos calouros, enquanto a Regular e a Advanced, por veteranos.
Em 2018, pelo quarto ano consecutivo, a equipe foi campeã na categoria Regular com o avião EESC-USP Alpha.
AEROEEL
O time mais recente da USP é formado por estudantes da Escola de Engenharia de Lorena (EEL). A unidade não possui cursos relacionados à área. Mesmo assim, quatro estudantes apaixonados por aviação decidiram se aventurar no Aerodesign em 2013.
Desde então, a equipe aumenta a cada ano e se dedica para participar da classe Regular. Utilizam ferramentas básicas da graduação, mas buscam a maior parte das informações em livros especializados.
Dos cálculos ao protótipo
Para construir um avião, os estudantes começam pela análise do regulamento para entender as regras e pensar em modelos de aviões. Essas ideias se transformam em números, que são colocados em programas de computação para otimizar o projeto. Depois dessa análise matemática, define-se qual modelo será feito.
As equipes detalham o projeto no relatório, que funciona como um manual de instruções de como construir o avião. Por fim, é feito o protótipo (avião de teste) e os aviões definitivos para a competição.
Combustível interdisciplinar
Um bom aeromodelista precisa compreender muito bem os conceitos básicos de engenharia para poder inovar. Essa bagagem é oferecida pela graduação, em disciplinas que envolvem aerodinâmica, dinâmica e estruturas.
Mas um diferencial é aprender também técnicas de administração e eletrônica. Outro ponto importante é transmitir as informações para as novas gerações.
Os calouros só conseguem realizar o projeto com o apoio dos veteranos, já que os cursos da área de exatas são mais teóricos no início.
Mas afinal, o Aerodesign contribui para a indústria aeronáutica?
Não há um retorno imediato da competição para a indústria aeronáutica, pois são situações diferentes e com objetivos muito específicos. Enquanto os modelos criados para a competição visam a cumprir os requisitos do regulamento pautados principalmente em inovação, a indústria aeronáutica tende a ser mais conservadora para evitar riscos à segurança.
Mesmo assim, a engenharia por trás dos modelos de aviões das competições é aplicável à realidade do mercado, além de ajudar a construir bons profissionais.
Fonte: Jornal da USP