Brasileiras fazem história com ouro inédito em olimpíada de matemática na Europa

Competição aconteceu na semana passada em Kiev, na Ucrânia; além do ouro, estudantes brasileiras também conquistaram duas medalhas de bronze, e país ficou na 20ª colocação geral

Da esquerda para a direita: Luize Viana, Bruna Shoji Mariana Groff, Maria Clara, Ana Beatriz e Deborah Alves — Foto: Impa/Divulgação

Seis mulheres e uma missão: representar o Brasil na 8ª Olimpíada Europeia Feminina de Matemática (EGMO, na sigla em inglês), que aconteceu de 7 a 13 de abril, em Kiev, na Ucrânia. A disputa entre 196 estudantes de 49 países rendeu ao Brasil um feito inédito: uma medalha de ouro, conquistada pela estudante gaúcha Mariana Groff, de 17 anos, e a 20ª colocação geral.

Essa é a terceira vez que a jovem participa do evento e, a cada edição, ela foi obtendo resultados melhores: bronze em 2017, prata em 2018 e ouro em 2019. Atualmente, ele se mudou de Frederico Westphalen (RS) para Fortaleza para estudar.

“Eu me dediquei muito nos últimos meses estudando matemática, e tive aulas e apoio em Fortaleza para isso. Assim, acho que a medalha era um resultado esperado, mas isso não interferiu na grande alegria que eu tive quando fiquei sabendo que eu ia ganhar uma medalha de ouro”, Mariana Groff, medalhista de ouro.
Mariana Groff, de Frederico Westphalen (RS), ganhou uma bolsa de estudos de um colégio em Fortaleza e, na semana passada, se tornou a primeira brasileira a conquistar a medalha de ouro na Olimpíada Europeia Feminina de Matemática — Foto: Reprodução/Impa
Mariana Groff, de Frederico Westphalen (RS), ganhou uma bolsa de estudos de um colégio em Fortaleza e, na semana passada, se tornou a primeira brasileira a conquistar a medalha de ouro na Olimpíada Europeia Feminina de Matemática — Foto: Reprodução/Impa

Um ouro e dois bronzes

Além da medalha de ouro, a participação recorde do Brasil também trouxe duas medalhas de bronze, conquistadas por Maria Clara Wernerck, do Rio de Janeiro e Ana Beatriz Studart, de Fortaleza, ambas com apenas 17 anos. Maria Clara e a estudante paulista Bruna Shoji, de 16 anos, fizeram sua estreia na competição.

“Ser bronze em uma olimpíada internacional foi uma honra. A experiência num todo me deixou feliz e voltei para o Ceará com boas história e aprendizados. Eu não consigo imaginar meu futuro sem a matemática”, disse Ana Beatriz, que participou da EGMO pela segunda vez e agora quer incentivar mais meninas a ocuparem o espaço das exatas, onde os meninos ainda são maioria.

“Quero poder mostrar ao maior número de meninas que elas também têm espaço na ciência e como esse mundo das olimpíadas de conhecimento é incrível. Foi algo transformador na minha vida e quero que toda menina tenha a mesma oportunidade”, completa Ana Beatriz.

Delegação brasileira na abertura da EGMO, a Olimpíada Europeia de Matemática para Meninas, realizada entre 7 e 13 de abril na Ucrânia — Foto: Divulgação/EGMO
Delegação brasileira na abertura da EGMO, a Olimpíada Europeia de Matemática para Meninas, realizada entre 7 e 13 de abril na Ucrânia — Foto: Divulgação/EGMO

Incentivo às meninas

A delegação é formada por quatro competidoras e duas líderes. Nesta edição, Deborah Alves e Luize Viana foram as líderes responsáveis por cuidar da argumentação da nota final, e também do emocional da equipe.

“A competição é ótima para manter as meninas incentivadas, é um ambiente mais confortável, já que as meninas têm mais barreiras que os meninos. Essa conquista é sensacional, é só a nossa terceira participação e já conquistamos diversas medalhas além da de ouro. Isso mostra o potencial das meninas e do Brasil”, conta Deborah Alves, que já participou de mais de sete olimpíadas de matemática e se voluntariou para participar do evento com as meninas.

O Brasil participa há três anos da competição e soma agora dez premiações (nove medalhas e uma menção honrosa). O Impa foi um dos financiadores dos gastos das participantes brasileiras na Ucrânia. Em 2020, a EGMO será realizada na Holanda.

Com a bandeira brasileira, Mariana Groff sobe ao palco ao lado das demais medalhistas de ouro da olimpíada de matemática — Foto: Divulgação/EGMO
Com a bandeira brasileira, Mariana Groff sobe ao palco ao lado das demais medalhistas de ouro da olimpíada de matemática — Foto: Divulgação/EGMO