Ponto de vista: Jardim e o tempo de seca

Jardim Botânico de Curitiba é um dos mais famosos do Brasil (Foto: Daniel Castellano/SMCS/Fotos Públicas)

As estações mais frias do ano são, também, as mais secas, no Brasil. Nesse ano, enfrentamos temperaturas mais altas, aliadas a esse ar seco. A estiagem, que já vem de meses, tornou caótica a situação em cerca de dez Estados, colocando 821 cidades em situação de emergência. Há um aumento alarmante da seca. O número de cidades afetadas foi de 598 para mais de 800 em questão de dias (entre 26 de junho e 5 de julho). São 37% a mais de seca no País.

Dada a situação, pode até parecer supérfluo falar sobre jardins, porém é aí que a maioria das pessoas se engana. Em tempos de seca não precisamos só de água, mas também de um ar mais úmido. A qualidade do ar cai muito com a estiagem. Além disso, a falta de árvores em regiões urbanas, associada à ausência de chuva, aumenta o risco de doenças respiratórias e mal-estar, provocados pelo ar seco. Nessas horas, ter um jardim na residência seria crucial. Este possibilita um ambiente melhor para respiro, o que gera um sono melhor, bem-estar e saúde dentro das residências. É a época do ano em que mais um jardim se faz necessário, pois sua beleza significa saúde.

Para a maioria, a estação significa a morte dos jardins, ou um gasto imenso com água para mantê-lo vivo. Quando racionamentos são anunciados é justamente a fonte de ar limpo a primeira a ser cortada. Há peso no bolso e na consciência, já que racionamento é uma realidade brasileira. Porém, não precisa ser assim. É possível manter o jardim saudável, bonito e sustentável.

Nos Estados Unidos, há uma cultura muito grande do cultivo de jardins. O Brasil ainda está descobrindo os benefícios de se ter uma casa com um espaço dedicado às plantas e, por isso, a maioria das pessoas não está familiarizada com o uso de irrigação se utilizando da água da chuva. Basicamente, o que acontece é que em tempos de chuva, o jardim é irrigado naturalmente. Contudo, muita água poderia ser armazenada para o próprio uso do jardim, e é isso que alguns sistemas de irrigação fazem.

A água excedente é captada e armazenada e, como a irrigação é feita por gotejamento, ela não só dura, como destina apenas as quantidades ideais de água para cada tipo de planta, conforme sua necessidade.

*Danny Braz é engenheiro civil e consultor internacional com foco em construções verdes e diretor-geral da empresa Regatec.

Fonte Metrô News