IBGE dá início ao Censo Agropecuário 2017, após 11 anos de espera


Censo vai mapear informações sobre a agropecuária brasileira (Foto: Giuliano Gomes/PR Press)

Começa nesta segunda-feira (2) em todo o país o Censo Agropecuário 2017, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao longo dos próximos cinco meses, cerca de 19 mil recenseadores irão visitar mais de 5,3 milhões de estabelecimentos agropecuários em mais de 5,5 mil municípios brasileiros. O objetivo é levantar informações detalhadas sobre tudo o que envolve a agropecuária brasileira.

O lançamento do Censo foi realizado na sede do IBGE, no Centro do Rio, e contou com a presença do ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira. Ele enfatizou a importância do levantamento das informações censitárias ligadas ao agronegócio para a economia do país.

“O Brasil é acima de tudo um país agro. A nossa economia é muito ligada ao agronegócio, que influencia de maneira definitiva toda a economia brasileira”, afirmou o ministro. Segundo ele, “mesmo aquelas pessoas que não são ligadas diretamente ao agronegócio, vivem em função dele”, seja nos segmentos da indústria, do comércio ou de outras áreas econômicas.

Oliveira se disse “surpreso” com o fato de que há dez anos o Brasil não investigava a fundo as informações relativas ao agronegócio. Isso porque, segundo o ministro, a pesquisa “traz informações precisas sobre o setor mais importante da nossa economia, que gera mais divisas”. Ele enfatizou que tais informações são úteis para a definição de políticas públicas e para alocação de crédito e de conteúdo orçamentário no setor.

O ministro lembrou que o agronegócio brasileiro sofreu profundas transformações decorrentes dos avanços tecnológicos e que isso garante ao país “ter o setor mais competitivo do mundo, exportando para quase todos os países”.

“Aquele caricato setor rural, quase ignorante, é coisa do passado. O nosso setor é de altíssima tecnologia, as lavouras são altamente intensivas em termos de tecnologia”, afirmou o ministro.


Campo de soja no Brasil; ministro do Planejamento diz que agronegócios no Brasil é setor de altíssima tecnologia (Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP)

Menor que o planejado

O presidente do IBGE, Roberto Olinto, disse que o Censo Agropecuário 2017 é menor do que o previsto inicialmente em função de questões orçamentárias. “Teve um momento em que a verba era zero”, disse.
Para reduzir custos, uma das iniciativas foi investir tecnologias digitais para uso dos recenseadores. Segundo o ministro do planejamento, com 50% do custo originalmente previsto “é um censo completo, mas que pela inteligência que o IBGE incluiu no processo vai custar muito menos e mantendo o nível de qualidade”.


IBGE contratou 19 mil recenseadores para visitar mais de 5,3 milhões de estabelecimentos rurais (Foto: Divulgação)

Olinto destacou que o Censo Agropecuário 2017 “rompe dez anos de desinformação detalhada sobre a situação agropecuária do país”. O último levantamento havia sido realizado em 2006. Com a conclusão da coleta de dados no novo censo prevista para fevereiro de 2018, o IBGE espera começar a divulgar os resultados dele ainda no mês de maio do ano que vem.

“O resultado de um censo fica velho? O censo é uma fotografia, é um corte no tempo, é um marco histórico. Não fica velho nem desatualizado. Um marco histórico é um marco histórico. Uma foto no censo se transforma em números”, destacou o coordenador do Censo Agropecuário Antônio Florido.

O IBGE realiza outros levantamentos do setor agropecuário, como a Produção da Pecuária Municipal, a Produção Agrícola Municipal e as Trimestrais da Agropecuária. O Censo, no entanto, é a única pesquisa que recolhe dados de todos os estabelecimentos produtores, além de servir como subsídio para outros levantamentos.

Recenseadores em campo

O presidente do IBGE destacou que foram cinco anos de preparo para a realização do Censo Agropecuário 2017. Vencidas as dificuldades orçamentárias, técnicas e de contratação de pessoal, dentre outras, ele disse que agora começa “etapa mais difícil da operação”, que é o recenseador ser recebido em campo.

São cerca de 19 mil recenseadores percorrendo todos os estabelecimentos relacionados ao agronegócio, desde as grandes fazendas produtoras aos pequenos produtores familiares.

Para garantir a devida identificação do recenseador, viabilizando que ele seja recebido nos estabelecimentos, o IBGE implementou um QR Code no crachá de cada um dos agentes, que está localizado no lado esquerdo do peito do colete. O código pode ser lido pelo celular e redirecionará diretamente para o site do IBGE, que fará a checagem.


Recenseador do Censo Agropecuário terá QRcode de identificação (Foto: Divulgação)

No crachá também poderão ser encontrados outros dados, como o nome completo do recenseador, sua matrícula, identidade e validade das informações ali constantes, além da foto do agente de coleta.

O último elemento de identificação do recenseador é o DMC (Dispositivo Móvel de Coleta) que cada um deles deverá portar no momento da aplicação do questionário. O dispositivo é obrigatório, pois é justamente nele onde os agentes registrarão os dados de cada estabelecimento, assim como o georreferenciamento de cada propriedade.

Censo demográfico

O Ministro do Planejamento destacou durante a coletiva de lançamento do Censo Agropecuário que “a partir do ano que vem começarão as preparações para início do censo demográfico”.
Realizado pela última vez em 2010, é o Censo Demográfico que levanta todas as informações relativas à população do país em termos quantitativos. A expectativa é de que o próximo seja realizado em 2020.

Autor: G1