Engenheiros e cientistas dos materiais da Universidade de Freiburg, na Alemanha, juntaram-se para tentar explorar a estrutura natural do coco em benefício da arquitetura e da construção civil.
Coqueiros podem ter 30 metros de altura, o que significa que, quando os cocos maduros caem no chão, suas paredes têm de suportar o impacto para que eles não rachem.
Para proteger a semente lá dentro, o coco tem uma estrutura complexa formada por três camadas principais: a casca externa que lembra a estrutura do couro, um mesocarpo fibroso e um resistente endocarpo interno em torno da polpa que contém a plântula em desenvolvimento.
“Analisando o comportamento de fratura das amostras e combinando isso com o conhecimento sobre a anatomia da casca obtida por microscopia e tomografia computadorizada, estamos identificando as estruturas mecanicamente relevantes para absorção de energia,” explicou Stefanie Schmier, membro da equipe.
Desvio das fraturas
Os dados revelaram que, dentro do endocarpo – que consiste principalmente de células altamente lignificadas – os vasos que compõem o sistema vascular do fruto têm um design diferente, parecido com uma escada, responsável por suportar as forças de flexão.
Cada célula é rodeada por diversos anéis lignificados, unidos por pontes paralelas – a lignina é uma molécula associada à celulose na parede celular para dar rigidez aos tecidos vegetais.
A equipe acredita que é o ângulo desses vasculares que ajuda a “desviar” a trajetória das fissuras – quanto mais tempo uma rachadura tem que viajar para dentro do endocarpo, mais provável é que ela vai parar antes de chegar ao outro lado.
Prédios antiterremoto
A equipe acredita que essa angulação especial dos feixes vasculares no endocarpo do coco pode ser aplicada ao arranjo de fibras têxteis no interior do concreto para permitir a deflexão de fendas e rachaduras, evitando o colapso da estrutura.
“Esta combinação de uma estrutura leve com uma elevada capacidade de dissipação de energia é de interesse crescente para proteger edifícios contra terremotos, quedas de rochas e outros perigos naturais ou provocados pelo homem”, disse Stefanie.
Autor: Inovação Tecnológica