Petrobrás investiu R$ 20 bilhões para produzir gasolina mais limpa

A Petrobrás investiu R$ 20,6 bilhões em nove anos para entregar uma gasolina comum menos poluente, mas terá de absorver esse custo internamente, pois a mudança não influenciará na política de preços. Os números foram apresentados ontem pela estatal. Para processar a gasolina do tipo S-50, a Petrobrás investiu na construção de 21 unidades em suas 11 refinarias.

A gasolina no novo padrão está disponível em todos os postos de combustível do País desde o dia 1º, conforme determinação da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Com o investimento, todo o parque de refino da estatal está apto a produzir a gasolina S-50 (com 50 partes por milhão de enxofre, ou ppm). Pela regulamentação anterior, a gasolina podia ter até 800 ppm.

Segundo Frederico Kremer, gerente de soluções comerciais e desenvolvimento de produtos do abastecimento da Petrobrás, embora os investimentos não possam ser repassados aos preços , a estatal não sai perdendo com a importação. “O produto que a Petrobrás vinha importando já tinha essa qualidade”, afirmou.

Nos últimos anos, com a capacidade de refino no limite, a Petrobrás tem aumentado as importações de combustíveis, fazendo sangrar o caixa da empresa, pois os preços lá fora têm subido mais do que a estatal cobra internamente.

O executivo rebateu críticas à demora na adaptação dos padrões nacionais de combustíveis às normas internacionais de poluentes. “Mudar os níveis de teor de enxofre dos combustíveis demanda tempo”, afirmou Kremer.

Tudo começou com a Resolução 315 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de 2002, que estabeleceu padrões para a emissão de poluentes por veículos automotores, mas cuja implementação teve prazos adiados.

No entanto, na época, fabricantes de veículos alegavam que não podiam colocar no mercado os novos motores sem o combustível disponível e a Petrobrás alegava que o novo combustível não surtiria efeito em motores antigos.

Kremer reconheceu que a gasolina S-50 emite menos óxidos de enxofre (SOx) em qualquer motor, mas, ponderou o executivo, não se trata mais de um poluente relevante.

Com a nova gasolina, deixam de ser emitidas 35 mil toneladas ao ano de SOx na atmosfera, o equivalente a uma redução de 94%, segundo a Petrobrás.

Manutenção. A gasolina S-50 promete acarretar uma redução de custos para os proprietários de veículos.

Com menos enxofre, o combustível gera menos depósitos em válvulas, bicos injetores e outros componentes, o que deve reduzir o custo de manutenção dos automóveis.

Autor: O Estado de S.Paulo