Universidade precisa ser repensada para servir à sociedade

A universidade deve “sintonizar” as demandas da sociedade, unindo-se sobretudo às empresas no caminho da inovação tecnológica.

“Hoje os dois sistemas – a indústria e o que gera conhecimento – agem separados. O Brasil tem relativa competência dos dois lados, mas são dois mundos que pouco se falam”, argumentou o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp.

A declaração foi feita em debate promovido pela Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), durante a 65ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Ele citou como exceção casos de sucesso de empresas, como a Petrobras e a Embraer, além do setor agropecuário, que promoveram a inovação porque tinham bases tecnológicas desenvolvidas.

O ministro apontou como ação estratégica do governo para atacar o problema o programa Inova Empresa, recentemente lançado, que visa utilizar a capacidade existente de geração de conhecimento e correr os riscos tecnológicos de investir na inovação junto com as empresas.

Uma das iniciativas foi a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), que tem por objetivo promover a cooperação entre os dois setores.

“A ideia é estimular a parceria entre os agentes de pesquisa na universidade e as empresas para que juntos eles possam assumir responsabilidades conjuntas para o desenvolvimento de projetos de interesse de ambos”, afirmou o Ministro.

Acadêmica demais

“A ciência brasileira se tornou muito acadêmica e, para participar do processo de inovação nas empresas, precisa formar recursos humanos adequados. Quando critico a universidade é porque ela sempre ficou fechada em si mesmo, temos que ter maior interação com as empresas para o estudante sair de lá mais qualificado. Temos que repensar o sistema universitário”, sugeriu Raupp.

Ao ser questionado sobre a possível ineficácia da separação de políticas públicas para o desenvolvimento econômico e social e sobre o papel da universidade na escolha entre atender as demandas de mercado, as sociais ou as acadêmicas, o ministro falou da importância de a universidade adotar uma postura ampla e atenta aos diversos anseios da sociedade.

“A ciência básica precisa ser feita, só não podemos esquecer a ciência aplicada”, alertou. “Se não tivermos atividade econômica não teremos dinheiro, do pagamento de tributos, por exemplo, para investir no que é preciso. Cabe ao governo ser um intermediário entre os diversos atores da sociedade.”

“O papel da universidade é avançar com o conhecimento e preparar as novas gerações com esse espírito crítico para entender aspectos da vida nacional e as suas necessidades. O compromisso social é saber gerar soluções para a sociedade. Precisamos fazer as duas coisas, uma inspira a outra”, concluiu.

Autor: MCTI