Instrumento de 24 braços e 24 olhos vai investigar vida das galáxias

Um novo instrumento chamado KMOS acaba de ser testado com sucesso no Very Large Telescope do ESO, no Observatório do Paranal, no Chile.

O KMOS é um equipamento único na medida em que poderá observar no infravermelho, não apenas um, mas 24 corpos celestes ao mesmo tempo, estudando a estrutura de cada um deles simultaneamente.

As observações fornecerão dados indispensáveis para compreender como as galáxias cresceram e evoluíram no Universo primordial – e isto muito mais rapidamente do que tem sido possível até agora.

O KMOS foi construído por um consórcio de universidades e institutos do Reino Unido e Alemanha em colaboração com o ESO.

KMOS

KMOS é uma sigla para K-band Multi-Object Spectrograph, ou espectrógrafo multi-objeto na banda K.

O KMOS tem braços robóticos que podem ser posicionados independentemente, no local certo para capturar a radiação emitida por 24 galáxias distantes em simultâneo.

Cada braço coloca, por sua vez, uma grade de 14 por 14 pixels em cima do objeto e cada um destes 196 pontos coleta radiação de diferentes partes da galáxia.

Essa radiação é separada nas suas componentes coloridas, dando assim origem a um espectro. Estes sinais tênues são depois gravados por detectores infravermelhos muito sensíveis.

O instrumento extraordinariamente complexo tem mais de mil superfícies ópticas, que tiveram que ser construídas com alta precisão e depois cuidadosamente alinhadas.

Equipamentos multifunção

Para estudar as galáxias nas suas fases iniciais, os astrônomos precisam de três coisas: primeiro, observar no infravermelho; segundo, para cada um deles, mapear como é que as propriedades variam de região para região; e, finalmente, observar vários objetos ao mesmo tempo.

A expansão do Universo desloca a luz para comprimentos de onda maiores, o que significa que muita da radiação emitida por galáxias distantes está deslocada dos comprimentos de onda visíveis para os maiores comprimentos de onda do infravermelho. Os instrumentos no infravermelho são, por isso, vitais no estudo da evolução de galáxias. 

A segunda exigência é feita mediante uma técnica, conhecida como espectroscopia de campo integral, que permite aos astrônomos estudar simultaneamente as propriedades de diferentes partes de um objeto como uma galáxia, para ver como é a sua rotação e qual a sua massa. Ela permite também determinar a composição química e outras propriedades físicas em diferentes partes do objeto.

Finalmente O KMOS pode não apenas observar vários objetos, como fazer todas estas coisas ao mesmo tempo.

Até agora, os astrônomos podiam ou observar muitos objetos de uma vez só, ou mapear um único objeto com todo o detalhe. Um rastreio detalhado a uma grande amostra de objetos poderia demorar anos.

Agora, com o KMOS, ao mapear as propriedades de muitos objetos simultaneamente, tais rastreios podem ser feitos numa questão de meses.

Autor: Inovação Tecnológica