NA MÍDIA – Para engenheiros, retirada de pilar pode comprometer prédio

Na foto do Edifício Liberdade é possível ver pequenas janelas abertas na lateral do prédio, na parte da fachada chamada de empena cega. A abertura dessas janelas é irregular e fere o Código de Obras porque prédios assim são projetados para ter uma parede sem aberturas.

Mas, segundo especialistas, é improvável que isso tenha comprometido a estrutura do prédio a ponto de causar a tragédia. “Se tivesse, teríamos visto o desabamento quando as primeiras janelas foram abertas, o que parece ter acontecido há muitos anos”, explica o engenheiro José Roberto Bernasconi, presidente do Sindicato Nacional da Arquitetura e Engenharia Civil de São Paulo (Sinaenco -SP).

Além disso, haveria comprometimento da estrutura caso as janelas fossem abertas em uma parede estrutural do edifício – especialistas acreditam que a lateral era apenas uma parede de vedação, serve apenas para fechar.

A hipótese de uma falha estrutural, segundo Bernasconi, também é remota. “Quando um prédio tem um defeito de nascença, ele aparece no dia a dia e não durante uma obra. Elevadores não andam direito, portas ficam presas. Se o prédio fosse mal construído, será que até hoje não teria dado sinais?”, questiona.

Ainda não se sabe como era a planta original do prédio – se os pilares eram apenas externos ou se existiam também no meio do prédio. Uma das hipóteses mais citadas pelos engenheiros para explicar a queda – ou o “colapso progressivo” do prédio – é o comprometimento não de uma parede, uma viga ou uma laje, mas de algum pilar.

Falta de pilar. A explicação é que a remoção de uma viga não derruba o prédio, mas a falta do pilar pode comprometer as vigas e a fundação. Se um pilar tiver sido retirado, os outros podem não ter dado conta de receber o peso da edificação.

“Uma obra, seja em prédio novo ou antigo, sempre deve ser cuidadosa. Me assusta muito o fato de testemunhas terem dito que pilares e vigas sumiram durante a reforma”, diz o engenheiro Tarcísio Celestino. Segundo ele, manutenção e vistoria devem ser feitas no dia a dia. “Claro que o acompanhamento de um engenheiro é preciso, mas todo prédio precisa do olho do morador para perceber se alguma trinca, por exemplo, está evoluindo.”

Prédios mais fortes. Vice-presidente do Instituto de Engenharia, Miriana Marques afirma que prédios antigos, como o Edifício Liberdade (de 1940), são até mais fortes e resistentes do que construções novas. “Geralmente têm pilares mais largos e com muito mais ferro na estrutura”, diz. “Além de um pilar retirado, só um terremoto derrubaria um prédio desse jeito”, afirma.

Autor: Estadão.com.br