Empresas holandesas disputam construção de túnel entre Santos e Guarujá

Duas empresas holandesas especializadas em túneis imersos já demonstraram interesse em participar da construção da ligação seca entre Santos e Guarujá, proposta pelo Governo do Estado. Elas participaram, como consultoras, da pesquisa realizada pela Dersa que definiu o melhor projeto a ser implantado, entre os 13 propostos.

A TEC Consultoria em Engenharia, responsável por projetar túneis em todo o mundo, como o construído em 1988 no Porto de Roterdã, na Holanda, pretende participar da licitação internacional (concorrência pública) para a confecção do projeto executivo.

Já o grupo Mergor/ Strukton quer vencer o processo para a execução da obra em parceria (consórcio) com uma empreiteira nacional.

No Brasil, queremos fazer nossa especialidade, que é a imersão do túnel pré-moldado. Ou seja, transportar e depositar no fundo do mar os elementos de concreto. A construção dessas armações pode ser feita por uma empresa brasileira”, afirma Martijn Smitt, diretor do grupo ergor/ Strukton. Segundo ele, o custo deste trabalho representa apenas 3% da obra, mas é a parte mais arriscada.

Quanto ao projeto executivo, Anton Driesse, gerente da TEC Consultoria em Engenharia, ressalta que a empresa dele “tem capacidade e experiência para desenvolver esse projeto. Já fizemos um túnel de 19 quilômetros, esse é bem mais tranquilo”.
A vontade dos empresários estrangeiros foi externada com exclusividade para A Tribuna, na tarde de quarta-feira, durante o primeiro seminário internacional para discussão técnica sobre o túnel que será construído entre Santos e Guarujá.

O evento aconteceu no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da Universidade de São Paulo (USP), na Capital.
Representantes do Governo do Estado, Codesp, Petrobras, Dersa e USP também estavam no encontro. Foram expostas opiniões e apresentados estudos técnicos e de utilização do túnel. Os participantes ainda fizeram projeções para projetos futuros de travessias.

O assessor de Planejamento da Secretaria Estadual de Logística e Transportes, Milton Xavier, mostrou um estudo sobre demanda. “Foram 66 mil viagens entre Santos e Guarujá em 2010, 63 mil relacionadas à atividades cotidianas, não de cargas. A conclusão é de que o túnel deve atender essas pessoas, para criar uma condição melhor de mobilidade na Baixada Santista”.

Mas Xavier acredita que essa realidade tende a mudar com o tempo e será necessária mais uma opção de travessia seca. “Com a expansão das atividades portuárias e a exploração de petróleo, 110 mil empregos devem ser gerados na região até 2020, principalmente em Guarujá e Cubatão”.

Projetos diferentes

O Governo Estadual e a Codesp ainda divergem na questão do túnel. Enquanto o diretor de Planejamento da Codesp, Renato Barco, prefere uma ligação entre a Alemoa e a Ilha Barnabé, em Santos, o presidente da Dersa, Laurence Casagrande Lourenço, defende o atual projeto.

“Eu acho até que deveria ter outra (travessia), mas quem tem que por dinheiro é o CAP (Conselho de Autoridade Portuária) e a Codesp, já que é um dispositivo para o porto, não para a população. Se fizermos a primeira travessia na Alemoa, aquilo vai virar um inferno. É bom para caminhão, não para a cidade”, dispara Lourenço.

Barco ressalta que hoje o fluxo de veículos é muito grande na entrada da Cidade. “Eu não enxergo o túnel (Alemoa-Ilha Barnabé) como uma solução caótica naquela região. Ainda é necessária uma conversa melhor, temos que evoluir”.

Para o diretor da Codesp é preciso analisar os estudos de uma maneira mais aprofundada. “A posição da Prefeitura, e recomendada pelo CAP, seria entre a Alemoa e a Ilha Barnabé. Nós temos avenidas perimetrais que já atendem a Cidade com dificuldade, então precisamos saber quais impactos um túnel desembocando naquele lugar vai causar”.

Autor: A Tribuna