Moradores pedem estudo para congelar a avenida Sumaré, em SP

Construída no fundo do vale de um córrego canalizado na década de 1960, a avenida Sumaré, na zona oeste de São Paulo, não exibe valor arquitetônico aparente.

Mesmo assim, moradores dos bairros que ela corta –Perdizes e Sumaré, além da Barra Funda– querem o seu tombamento. O objetivo é evitar que futuros projetos viários acabem com o canteiro central, usado para lazer.

O pedido de abertura de estudo de tombamento vai a votação no Conpresp (conselho municipal do patrimônio histórico) hoje. Se for aceito, a avenida da zona oeste fica “congelada” até que se tenha uma decisão definitiva.

Embora a avenida esteja incluída no tombamento que protege o traçado urbano de Perdizes, os moradores acharam que seria bom, como prevenção, especificar melhor o que deve ser protegido.

O temor surgiu em 2007, com o anúncio de que a avenida abrigaria um corredor de ônibus, ideia abandonada ainda naquele ano.

Edvaldo Godoy, da Associação dos Moradores da Barra Funda e um dos responsáveis pelo pedido, diz que “havia um medo de que o canteiro fosse destruído para ampliar a avenida. Depois, foi feita a pista para motoqueiro. Quando as coisas estão calmas é que vem a bomba”. 

Carlos Cecconello/Folhapress

Associação de moradores quer tombamento de canteiro central da av. Sumaré devido ao medo de obras futuras

MEDO FUNDAMENTADO

Para o urbanista da FAU-USP, Renato Cymbalista, o temor é “absolutamente fundamentado”. Ele cita a 9 de Julho e a Rebouças como avenidas que tiveram canteiros diminuídos. “O tombamento tem sido muito usado entre moradores com medo de ter sua qualidade de vida atingida. A pergunta é se essa é a melhor ferramenta”.

Recentemente, moradores do Itaim Bibi, também na zona oeste, conseguiram abrir estudo de tombamento de uma área verde com equipamentos públicos que a prefeitura quer ceder para construtoras em troca da creches.

Para arquiteta Nadia Somehk, que é também conselheira do Conpresp, não faz muito sentido tombar a via. “Pode ser que estejam querendo outra coisa, como transformar aquele passeio em avenida parque.”

“Aqui [o canteiro central] é o lugar onde as pessoas ainda se encontram. Mas com os carros cada vez mais em evidência, dá para imaginar que ele poderia desaparecer”, diz Ricardo Godoy, 38, que mora a uma quadra da avenida e caminhava ali ontem à tarde.

Autor: Folha de S.Paulo