Custo do Itaquerão deve subir

Sem conseguir dar garantias financeiras suficientes para receber empréstimo diretamente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que pague as obras do Itaquerão, o Corinthians e o fundo criado para gerir o dinheiro destinado ao estádio acionaram um outro banco estatal.

A reportagem apurou que, como o fundo criado não tem consistência para solicitar e receber dinheiro do BNDES, foi necessária a inclusão de um agente repassador.

Dessa maneira, a Caixa Econômica Federal, que admitiu ter sido procurada para realizar a operação, mas não confirma se ela se concretizará, poderá receber o valor do BNDES e o levar ao fundo.

Como não há ainda orçamento fechado referente à construção do estádio escolhido para abrir a Copa do Mundo de 2014, não há o valor definido do empréstimo.

Se essa transação de fato acontecer, há duas importantes implicações que caminham juntas: o risco da Caixa de não receber e o encarecimento do custo da obra.

A construção do estádio corintiano deverá ultrapassar bastante o valor estimado hoje, de R$ 600 milhões.

De acordo com gente envolvida no projeto, a Caixa pegará o valor do empréstimo no BNDES, com a baixa taxa de juros cobrada pelo banco, e repassará ao fundo usando como base as suas taxas de juros, encarecendo o custo das obras da arena.

A escolha da Caixa para ser o agente repassador se deu por apresentar juros menores que bancos privados e aceitar as condições financeiras que o fundo oferece.

Sem garantir que participará da operação, a Caixa diz que não pode detalhar as condições da transação.

Andres Sanchez, o presidente do Corinthians, afirma apenas que é a Odebrecht, responsável pelas obras para erguer a arena, que dará garantias financeiras para levantar o dinheiro no BNDES.

CONTRA O TEMPO

A reportagem apurou que toda essa engenharia financeira só foi desenvolvida por causa da urgência em iniciar as obras para que o estádio fique pronto a tempo de sediar partidas da Copa no Brasil.

Além da corrida pela viabilidade financeira da construção da arena, existem as questões legais pendentes na Prefeitura de São Paulo para que se iniciem os trabalhos.

Na semana passada, o projeto foi analisado pela Câmara Técnica de Legislação Urbanística, que aprovou o conceito da construção. Agora, o projeto segue o trâmite para que seja aprovado.

Para a prefeitura, faltam soluções para algumas pendências. Entre elas, uma referente aos dutos da Petrobras que passam pelo terreno onde será construído o estádio.

A expectativa é que a obra esteja aprovada para começar em, no mínimo, 40 dias.

Autor: Folha de S.Paulo