Sistema Minas-Rio: Maior mineroduto do mundo está sendo construído no Brasil

Ele faz parte do Sistema Minas-Rio e ligará a mina e unidade de beneficiamento de minério de ferro da Anglo Ferrous Brazil, em Minas Gerais, ao Porto do Açu, no Rio de Janeiro

O maior investimento mundial da mineradora Anglo American atualmente – US$ 3,6 bilhões – está localizado no Brasil. Trata-se do Sistema Minas-Rio, da Anglo Ferrous Brazil (criada pela Anglo American em agosto de 2008), que inclui uma mina de minério de ferro em Conceição do Mato Dentro e uma unidade de beneficiamento em Alvorada de Minas, em Minas Gerais; um mineroduto com 525 km de extensão, que atravessa 32 municípios mineiros e fluminenses; e ainda a participação de 49% no terminal de minério do Porto do Açu, uma joint-venture com a LLX, uma das empresas do grupo EBX, de Eike Batista, situado em São João da Barra (RJ). Em 2012, quando o Sistema Minas-Rio entrar em operação, deverá produzir 26,5 milhões t anuais de minério de ferro.

De acordo com Daniel Santos, diretor de Operações do Sistema Minas-Rio, a abertura da mina Serra do Sapo, que já tem a Licença Prévia, depende ainda da obtenção da Licença de Instalação. A mina será do tipo a céu aberto e dispõe de reservas de 1,5 bilhão t, com teor de 37,9% Fe2O3. Segundo ele, para a planta de beneficiamento já foram adquiridos todos os grandes equipamentos, mas os de pequeno porte, instrumentação, estruturas metálicas e tubulações ainda serão comprados. O início de construção da planta aguarda ainda a obtenção da licença de instalação.

Atualmente estão mobilizados 2.240 trabalhadores no canteiro de obras do mineroduto, que será finalizado até março de 2012, mas na fase de pico esse número chegará a 5.520. Dos 24 milhões m3 previstos de escavação, 10% já foram executados. A montagem do duto ainda não foi iniciada.

Já o Porto do Açu encontra-se em obras desde 2007 e atualmente conta com 2.234 trabalhadores nas obras. Foram construídos até o momento pouco mais de 2 km da ponte de acesso aos píeres.

Mineroduto tem 13 canteiros operacionais

A Camargo Corrêa, empresa contratada para a construção do mineroduto, com base na concepção e projeto da PSI, iniciou a obra em abril de 2008, que consiste, basicamente, em duas partes: terraplenagem e montagem. A previsão de término da terraplenagem é em dezembro de 2010 e a montagem do duto tem sua previsão para janeiro de 2012.

Para tocar a projeto existem 13 canteiros operacionais e três canteiros administrativos, situados nos municípios de Nova Era e Urucânia, em Minas Gerais, e Itaperuna, no Rio de Janeiro. Nos canteiros operacionais os tubos, após curvados e concretados (quando necessários), serão levados por caminhões ao seu local de aplicação. Lá serão soldados, testados, revestidos, enterrados para posterior teste hidrostático (teste a alta pressão) e comissionamento.

A tubulação, fornecida pela Techint, foi fabricada no Japão e na Argentina e está sendo armazenada nos pátios de tubos. O diâmetro predominante do mineroduto é de 26 polegadas, mas em alguns trechos, como o de descida de serra, é de 24 polegadas. Os tubos são em aço carbono com especificação do material API 5L Gr. X70 e revestimento externo de polietileno extrudado de tripla camada. As espessuras variam de 0,406 polegadas a 0,906 polegadas.

Os tubos chegam até a obra com 12 m de extensão, onde serão soldados. A soldagem da tubulação utilizará processos manuais e automáticos. Nos manuais a soldagem é elétrica com eletrodo revestido (SMAW) e soldagem a arco com proteção gasosa e eletrodo de tungstênio (GTAW). Nos processos automáticos a soldagem é a arco submerso (SAW), soldagem a arco com eletrodo de tungstênio (GTAW), soldagem a arco, com eletrodo metálico e gás de proteção (GMAW), soldagem de arco em alma fundente com fluxo gasoso de proteção externa (FCAW).

Mas para atravessar os 525 km entre a unidade de beneficiamento e o porto, o mineroduto encontrará muitas interferências, principalmente rios, além da geografia montanhosa de Minas Gerais. Em alguns pontos será necessário utilizar a técnica de Furos Direcionais Horizontal (HDD), bem como túneis, entre os quais se destaca o localizado em Sem Peixe (MG), com 1.200 m de extensão.

Para instalação da tubulação serão abertas valas com 1,06 m de largura, utilizando escavadeiras hidráulicas para terreno de 1ª categoria e fresas nos locais onde houver material de 2ª e 3ª categorias. A cobertura da tubulação terá 0,76 m, no mínimo.

O projeto do mineroduto prevê ainda a construção de duas estações de bombeamento e uma estação de válvulas redutoras de pressão. A polpa contendo o minério de ferro deverá percorrer todo o trajeto do mineroduto em 85 horas e 14 minutos.

Em termos de engenharia, a construtora informa que o principal desafio a ser vencido é a redução do custo da implantação do mineroduto por meio de soluções de engenharia de terraplenagem e construtiva do duto. Na parte de logística, o ponto desafiador é garantir a produtividade esperada e, conseqüentemente, o cumprimento do cronograma, mesmo em face de impedimentos, como chuvas, por exemplo.

Confira as principais etapas de construção de um mineroduto

– Projeto executivo: a exemplo de outras obras de grande porte, o mineroduto passa, primeiro, pela fase de projeto, com base em estudos geológicos, ambientais e de engenharia.
– Aberturas de pista e de vala: são executadas pela terraplanagem, fase atual das obras do mineroduto Minas-Rio.
– Desfle de tubos: a tubulação fica armazenada em 13 pátios até ser transferida para o campo. Será unida com solda, e as juntas receberão limpeza e revestimento para prevenir rupturas.
– Abaixamento: a tubulação será instalada nas valas e coberta por terra.
– Teste hidrostático: medição de pressão usando água em lugar do minério.
– Finalização: plantio de vegetação e proteção da faixa do mineroduto por cercas e placas, pois o acesso ao local é restrito.
– A construção das estações de bombas e de válvulas é feita após a obtenção de autorizações ambientais específicas. A EB1 e a EB2 do mineroduto Minas-Rio já obtiveram essas autorizações.
– Após o término das obras, o projeto executivo passa por uma revisão, para retratar exatamente o que tiver sido proposto.
Fonte: Camargo Corrêa

Autor: Portal Met@lica – www.metalica.com.br