Engenheiros defendem uso de novas tecnologias e reformulação na engenharia civil

As tendências e desafios no segmento residencial foi o tema de destaque do seminário “Tecnologia e Sistemas Construtivos para o Segmento Residencial”,  durante o Construtech 2009 – Encontro dos Profissionais da Indústria da Construção e Arquitetura, que aconteceu até o dia 22 em São Paulo. 

Um dos assuntos discutidos no evento foi a adaptação do setor à NBR 15.575, Norma de Desempenho para edifícios habitacionais de até cinco pavimentos. A normalização, que entra em vigor em maio do ano que vem, especifica os critérios para que uma construção ofereça ao usuário segurança estrutural, funcionalidade, acessibilidade e durabilidade, bem como conforto térmico e acústico. Além disso, também exige a introdução do ensino do conceito de desempenho nas universidades.

Para o engenheiro Carlos Alberto de Moraes Borges, superintendente do Cobracon (Comitê Brasileiro da Construção Civil) da Associação Brasileira de Normas Técnicas, o desempenho de um edifício depende de três fatores: atendimento às normas, especificação no projeto e desempenho acústico. “Para quem já cumpre as normas, nada muda com a NBR 15.575. O custo nem aumenta e nem diminui, continua o mesmo”, afirma. “Para os que não cumprem, o grande diferencial é que tudo deverá ser especificado no projeto, que ganhará importância com a norma. Grande parte da qualidade do edifício é determinada no projeto”, completa o engenheiro.

Lean Construction 

Antonio Sergio Itri Conte, da Logical Systems Consultoria, ministrou a palestra “Lean Construction e a estabilização do processo produtivo na construção civil”. Segundo ele, o setor passa por passa por uma crise no modelo da engenharia. “Entre outras coisas, é preciso mudar a forma de contratação dos serviços: não mais por preço unitário, e sim por expertise. A qualidade hoje é fundamental”, acredita.

O lean construction prega maior transparência nas rotinas e a eliminação de etapas do processo construtivo que não agregam valor ao produto final. “É preciso adotar critérios de controle dos ciclos de produção, consumo de insumos, custo de produção. A falta de disciplina na execução compromete a linha de produção planejada”, acredita o engenheiro.

Sistemas para o segmento econômico

Na segunda parte do evento, entraram em foco os sistemas construtivos destinados à execução de unidades residenciais para a baixa renda. “Dentre as características necessárias para esse segmento a gente espera: facilidade de execução da estrutura, confiabilidade, minimização do número de ciclos de operação e um custo adequado”, afirmou Francisco Graziano, da Pasqua & Graziano Associados, na palestra “Projeto estrutural para empreendimentos do segmento econômico e supereconômico”.

Segundo ele, além da estrutura de concreto armado convencional e das paredes de concreto, algumas alternativas tecnológicas estão sendo revisitadas como, por exemplo, a estrutura em paredes de elementos tipo sanduíche e estrutura em paredes de concreto armado moldadas in loco, grande aposta do engenheiro para esse segmento.

Ana Figueiredo, gerente de projetos da Rodobens Imobiliários, concorda com Graziano. “Com a baixa renda em alta, houve uma necessidade de substituir o sistema construtivo e a Rodobens não inovou em criar uma nova tecnologia, e sim em adotar o sistema de paredes de concreto, algo que não era mais comum no Brasil”, afirmou, durante a apresentação de palestra sobre a experiência da empresa no desenvolvimento tecnológico para segmento econômico.

Entre as vantagens das paredes de concreto, segundo a engenheira, estão a velocidade de execução e o baixo custo. “Outros ganhos são a fabricação em série, redução de perdas de materiais, pré-montagem única em fábrica, transporte organizado e seguro, descarga e armazenamento planejado, pré-montagem parcial no chão e montagem da cobertura em módulos”, disse Ana.

Já para Giorgio Lorenzo Maria Vanossi, da Cyrela Brasil Realty Industrial, a alvenaria estrutural não armada se mostrou mais eficiente do que as paredes de concreto com fôrma de alumínio e paredes de concreto com fôrmas incorporadas de EPS. “As vantagens da alvenaria não armada são o projeto simples para a montagem da obra, padronização, maior relacionamento entre projetistas, fabricantes e construtores, menor prazo de fabricação, repetitividade e gestão industrial da obra”, afirmou. Segundo o engenheiro, a Cyrela Brasil Realty Industrial, após escolher o sistema, desenvolveu o seu próprio produto e processo de produção.

Para Francisco Graziano, as diversas opções de sistemas disponíveis no mercado requerem uma mudança estrutural muito grande e esse processo pode não ser tão simples. “Pretende-se sair de uma fabricação quase que artesanal para uma forma industrializada”, acredita. “Só que esse 'novos' sistemas ainda estão em consolidação no mercado. O importante é não ir com muita sede ao pote, tem que se embasar para fazer e contratar pessoas adequadas”, finalizou o engenheiro.

Autor: PINIWeb