Projeto inédito de conversão de motor flex para elétrico

O engenheiro de computação Elifas Gurgel do Amaral, que foi um dos integrantes do grupo que desenvolveu a urna eletrônica, utilizada nas eleições brasileiras desde 1996, para a Justiça Eleitoral brasileira, já circula pelas ruas de Brasília com um veículo elétrico resultado da conversão de um carro originalmente acionado por motor flex.

O resultado de sua nova pesquisa será apresentado no 6º Seminário e Exposição de Veículos Elétricos, que o INEE e a ABVE realizam no Espaço CPFL Cultura, em Campinas, interior de São Paulo, entre os dias 9 e 11 de novembro.

O evento é organizado pelo INEE – Instituto Nacional de Eficiência Energética – e pela ABVE – Associação Brasileira do Veículo Elétrico -. O engenheiro será um dos integrantes da mesa redonda Barreiras ao desenvolvimento dos VEs no Brasil, no dia 11 de novembro, às 11h, que abordará a questão regulatória e os aspectos legais para a introdução desses veículos no país.

Desafio

Agora, para provar a viabilidade dos veículos elétricos, Gurgel dedica-se, desde o ano passado, na conversão do carro flex para fazê-lo funcionar com motor elétrico e bateria. Para tanto, retirou os sistemas utilizados por motores a explosão – escapamento, arrefecimento, injeção, alimentação – e manteve apenas o sistema de transmissão. Aí, desenvolveu uma peça para acoplar o motor elétrico a esse sistema. Em julho, o Gol Elétrico ganhou as ruas de Brasília, onde Gurgel mora.

O engenheiro realiza os testes apenas em pequenos deslocamentos e em lugares controlados. O resultado, de acordo com ele, tem sido satisfatório, uma vez que ainda são utilizadas baterias inadequadas para esse tipo de veículo. As mais adequadas são as de íons de lítio, fabricadas com a mesma tecnologia que as empregadas nos telefones celulares.

Segundo ele, a bateria de íons de lítio tem autonomia para até 150 quilômetros e, em uma hora, tem recarregados 80% de sua capacidade. Por enquanto, para recarregar a bateria do Gol Elétrico são necessárias cerca de seis horas. Para tanto, basta plugar o carregador e esperar enquanto a bateria é abastecida com a energia elétrica por meio da tomada instalada na garagem do prédio onde Gurgel reside.

Benefícios

Na defesa dos veículos elétricos, Gurgel destaca a economia proporcionada – o consumo do VE chega a representar apenas 20% do consumo de um convencional (levando em conta que o preço do litro da gasolina em Brasília custa em média R$ 2,77 enquanto o valor do Kw/h é de R$ 0,32) – e os benefícios ao meio ambiente, já que, sem os motores a explosão, eles deixam de despejar na atmosfera os gases do efeito estufa e elimina ruídos. Além disso, outras formas de energia limpa, como a solar e a eólica, podem ser agregadas ao veículo elétrico.

“No carro elétrico, entre outras coisas, você não precisa de bomba de água, radiador e seus aditivos, alternador, bomba de combustível, sistema de escapamento, catalisador, certificação de emissões, mangueiras, distribuidor, cabo de velas, motor de arranque, trocar óleo, velas do motor, filtros de óleo do motor, de combustível e de ar, correia dentada e do alternador, regular as válvulas do motor, limpar o bico injetor e fazer regulagem do motor”, enumera.

O passo a passo da conversão do Gol e mais informações sobre o projeto estão no site www.clubedocarroeletrico.com.br. Por meio desse site está sendo realizada uma pesquisa de opinião para verificar a aplicabilidade do carro elétrico no Brasil e conferir o comportamento do usuário. O resultado da pesquisa será apresentado no 6º Seminário de Veículos Elétricos, em Campinas.

Autor: Jornal O Debate