Robô-paciente sem fio chora, sangra e sua em aulas de medicina

O analista de sistemas Pedro, 30, chega ao pronto-socorro em uma ambulância, após sofrer uma crise convulsiva e bater o carro em um poste. Ele tem os lábios roxos, chora, transpira, treme e fala sobre a perda total do veículo que acabara de comprar.

A cena, factível em qualquer PS, faz parte de uma aula de medicina na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. Pedro, na realidade, é um robô-paciente norueguês de última geração, de 65 kg e 1,70m. Custou R$ 280 mil e acaba de chegar ao Brasil. 

A novidade é que ele possui tecnologia sem fio, permitindo a simulação de emergências médicas dentro de ambulâncias e em espaços abertos, e reproduz reações cada vez mais humanas, como transpiração e dilatação da pupila.

Segundo Ana Paula Quilici, coordenadora do centro de simulação da Anhembi Morumbi, vários softwares do simulador criam situações e complicações médicas que podem ocorrer em um ser humano e reconhecem a ocorrência de práticas erradas.

Por exemplo: se uma agulha é colocada de forma errada ou forte demais no robô, o software reconhece e registra isso como uma manobra incorreta, sendo possível a visualização do erro –como hematomas e sangramento.

“O diferencial dessa tecnologia são os recursos que possibilitam simulações muito próximas do real, com mudanças internas e externas de cenário. Os alunos ficam impressionados”, diz Quilici.

Esse tipo de ferramenta, amplamente usada nos Estados Unidos, tem crescido nas escolas médicas brasileiras. É considerada ao mesmo tempo útil e ética porque faz com que os alunos aprendam, primeiro, a manipular um paciente robô, para, depois, lidar com o paciente real.

Segundo o cardiologista Sergio Timerman, diretor da Escola de Ciências da Saúde da Universidade Morumbi, há estudos demonstrando que os profissionais que recebem esse tipo de treinamento tendem a cometer menos erros na prática clínica.

“Na simulação, eles podem errar quantas vezes for necessário e serão corrigidos no ato. Eles treinam tanto a habilidade quanto casos complexos, como derrame cerebral.” O médico diz que, nos EUA, as provas de admissão de médicos já incluem exercícios em simuladores.

Autor: Folha OnLine