Governo de SP estuda retirar automóveis da Via Anchieta

O governo do estado de São Paulo avalia a possibilidade de reservar a Via Anchieta, um dos principais acessos da capital ao litoral paulista, apenas para caminhões e ônibus. Se confirmada a intenção, automóveis ficariam proibidos de circular pela via. A informação é do secretário de Transportes do Estado Mauro Arce, que esteve em Santos nesta quarta-feira para participar do Encontro da Arquitetura e Engenharia Consultiva de São Paulo.

Segundo Arce, a ideia surgiu durante reunião com representantes da Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI). Conforme o secretário, a conversa com a empresa foi resultado de matéria publicada no jornal A Tribuna, no último dia 13. A reportagem mostrava o excesso de acidentes na Anchieta envolvendo caminhões.

O número de ocorrências, de janeiro a agosto deste ano, aumentou 7%. Em 2009 foram 539 ocorrências no trecho de serra da pista sul da Anchieta, contra 503 em 2008.

– Por conta dessa matéria eu conversei com o pessoal da Ecoviaspara ver o que, operacionalmente, poderíamos fazer – diz.

Arce reforçou que liberar a descida de caminhões e ônibus pela nova Imigrantes é quase impossível, pois a declividade da pista exige frota nova e com sistema de freios mais eficientes.

– Então vamos explorar mais essa parte: segregar a Anchieta para caminhões e ônibus. Para aqueles que estão impedidos, do ponto de vista técnico, de circular pela Imigrantes – declarou o secretário.

A medida provavelmente pouco resultado traria para reduzir o número de acidentes na Anchieta. Isso porque, considerando que o Rodoanel Mário Covas vai facilitar o acesso de caminhões ao SAI, a tendência é que o fluxo de veículos pesados cresça ainda mais na via.

Bem antes da conclusão do Rodoanel, a frota de caminhões no SAI já vem aumentando todo ano. Em 2000 eles representavam pouco mais de 12%do tráfego total. Em 2008, essa participação chegou a 18%, o que corresponde a 6 milhões de veículos, contra 3,5 milhões em 2000, um aumento de mais de 70%.

Questionado até quando a Anchieta suportaria um tráfego tão pesado, Arce respondeu com outra pergunta.

– Até quando nós vamos continuar transportando carga por caminhão? Só por caminhão? No caso do Porto daqui, 85% (da carga é transportada por caminhão). Podia ser reduzido. Nós temos que pensar no conjunto.

Autor: A Tribuna