Eletronuclear negocia redução de R$120 milhões em contrato de Angra 3

Estatal se reunirá com a Andrade Gutierrez para negociar desconto no contrato de construção da planta

Após emissão do parecer do Tribunal de Contas da União (TCU), que considerou um sobrepreço de R$120 milhões no contrato de construção da usina nuclear de Angra 3, a Eletronuclear irá negociar com a Andrade Gutierrez a redução do acordo firmadona década de 1980. Na próxima segunda-feira (27/07), representantes da estatal e da construtora se reúnem no Rio de Janeiro para tratar da negociação.

O superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos da Eletronuclear, Luiz Manuel Messias, disse nesta quinta-feira (23/07) que é viável a negociação. “A intenção da Eletronuclear é seguir as diretrizes do TCU”, avaliou. Messias disse que não haverá obstáculos por parte da construtora. “Nós vamos adequar o contrato a esse patamar proposto pelo TCU”.

O valor fixado pelo Tribunal de Contas da União equivaleria a cerca de 8% do contrato. Por isso, o superintendente da Eletronuclear se mostrou otimista em relação à possibilidade de adequação dos preços constantes do contrato. “Acho que tem espaço para reduzir. Sempre tem um choro”.

A Eletronuclear tem 30 dias para renegociar o valor do contrato com a Andrade Gutierrez, de cerca de R$ 1,3 bilhão, e 45 dias para entregar a posição final ao TCU. Firmado em 16 de junho de 1983, o contrato se refere apenas à realização das obras civis da usina, que englobam a parte de concretagem e os serviços de acabamento.

Incluindo as etapas que ainda terão de ser licitadas, entre as quais a montagem eletromecânica, serviços de engenharia, compra de equipamentos no Brasil, complementação dos fornecimentos estrangeiros e alguns serviços estrangeiros, o total de investimentos necessários à conclusão de Angra 3 sobe para cerca de R$ 7 bilhões. O projeto da nova usina terá por base a unidade de Angra 2, localizada na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis (RJ).

A perspectiva é que, uma vez aprovada pelo TCU a renegociação do contrato, as obras de Angra 3 serão iniciadas imediatamente. A Eletronuclear já possui as licenças necessárias, concedidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e prefeitura de Angra dos Reis.

A estatal, subsidiária da Eletrobrás, já recebeu autorização do Ibama, dentro do plano de recuperação de áreas degradadas, para realizar as obras de recomposição do canteiro da usina. A previsão é dar início à construção da laje de fundação do reator entre novembro e dezembro deste ano. Segundo revelou Messias, será feito todo um esforço para que Angra 3 entre em operação no final de 2014. A usina terá 1.350MW de potência instalada.

Em nota divulgada ontem (22), a Andrade Gutierrez informou que só irá se manifestar sobre a decisão do TCU após realizar uma análise detalhada do acórdão do órgão sobre a repactuação do contrato referente à usina.

Autor: Agência Brasil