Docas descobre sítios arqueológicos durante obras da Avenida Perimetral

A construção da Avenida Perimetral da Margem Direita do Porto de Santos proporcionará mais do que uma via expressa aos terminais marítimos. A inclusão, no projeto, de um plano de proteção ao patrimônio arqueológico de Santos permitirá a identificação de relíquias encontradas ao longo do traçado. As descobertas devem-se ao trabalho de perfuração de 1.800 poços pelos 9,2 quilômetros da avenida, que se estende por toda a zona portuária da Cidade, à margem do estuário.

Dois sítios arqueológicos foram descobertos nas proximidades da Estação das Barcas, no Valongo ¬ denominado Sítio das Barcas ¬ e do Armazém 25 (onde funciona o Terminal de Passageiros Giusfredo Santini) ¬ chamado Sítio da Codesp.

No primeiro, os técnicos identificaram resquícios de um sambaqui, que muito provavelmente não énatural da área. Sambaquis são depósitos de materiais orgânicos fossilizados quimicamente pela ação do tempo.

A arqueóloga Erika Robrahn González, diretora da empresa Documento Patrimônio Cultural, Arqueologia e Antropologia Ltda., explicou que foi encontrada uma camada de 50 centímetros de conchas e outros elementos que representam o legado de índios que habitaram a região entre 5 mil e 1 mil anos A.C. “Havia muitos sambaquis na região. No final do século 19, esse material era coletado para pavimentar ruas e levantar construções em Santos”.

Mais abaixo dessa camada, foram encontradas ainda fundações antigas. Ali, segundo análises dos especialistas com base em documentos históricos, ficava o Forte de Monte Serrat, construído pelos portugueses nos séculos 16 e 17 e demolido pouco tempo depois, no século 18.

O outro sítio arqueológico, denominado Sítio da Codesp e que fica na região do terminal de passageiros do Porto, era uma antiga lixeira. “Assim como fazemos hoje, as antigas comunidades identificavam uma área para descarte. Isso ocorreu nos séculos 18, 19 e início do 20. Há restos de materiais utilizados por 300 anos em Santos”.

Lá foram encontrados cacos maiores de faianças (espécie de cerâmica), porcelana, vidro, metal e até pedaços de xícaras. Para a pesquisadora, os materiais encontrados são de suma importância, porque por meio deles o arqueólogo realiza uma leitura da época.

Autor: A Tribuna