Duke e AES Tietê têm térmicas a gás e biomassa como opções para metas, aponta consultor

Segundo Silvio Areco, da Andrade & Canellas, desde as privatizações exigências ambientais aumentaram, o que limitou utilização de recursos hídricos

A geração térmica a gás e a biomassa são opções viáveis para a Duke Energy e a AES Tietê cumprirem as metas de expansão estabelecidas pelo governo de São Paulo. A opinião é do consultor da Andrade & Canellas, Silvio Areco, para quem as empresas entrarão em acordo com o estado. “São Paulo é extremamente rico em biomassa e existem projetos de térmica, com a chegada do gás da bacia de Santos”, avaliou Areco em entrevista à Agência CanalEnergia.

O consultor observa que o estabelecimento do consumo de gás no estado é um negócio que parece extremamente interessante para o governo paulista. “Existem saídas atraentes e, obviamente, o estado vê isso como oportunidade para desenvolver o setor industrial. São benefícios indiretos que podem compor todo um processo de acordo de prazo e de formas de executar o cumprimento da obrigação que entendo que o estado não deve abrir mão”, disse o analista.

Areco ressaltou ainda que a produção do gás pode ser comercializada fora do estado. “A produção dentro do estado não precisa ser comercializada em São Paulo, pode ser comercializada fora do estado e tudo isso pode fazer parte de um mix de acordo que o próprio estado veja como conveniente de ser estabelecido, considerando este aspecto de prazo que deve ser objeto de um acordo”, observou.

As empresas estão sendo notificadas pelo governo do estado, por meio da Procuradoria Geral do Estado, que encaminhou notificação judicial nos últimos dias, após parecer sobre o assunto. A reivindicação se refere ao não cumprimento da cláusula de obrigatoriedade de expansão das duas concessionárias, estabelecidas nos contratos de concessão, num percentual de 15%. Segundo a Secretaria de Saneamento e Energia, Duke Energy já recebeu a notificação e a AES Tietê deverá recebê-la em breve.

As geradoras têm o prazo de 48 horas para comprovar as providências para cumprimento da obrigação e o prazo necessário para sua conclusão. Consultadas pela reportagem da Agência CanalEnergia, a Procuradoria Geral do Estado e a Secretaria de Saneamento e Energia informaram que aguardam as respostas das concessionárias para um posicionamento sobre as etapas seguintes do processo.

Areco lembra que, durante o período de privatização até hoje houve um aumento das exigências ambientais, limitando, sobretudo, a utilização de recursos hídricos para geração. “É muito melhor deslocar um pouco foco da solução, mas dentro de um estado relativamente rico em termos de opções para produção de energia elétrica, com o gás e a parte de biomassa”, avaliou.

Além disso, o consultor lembra que ocorreu o período de racionamento, em 2001, seguido de um cenário de energia excedente. “Não houve grandes mudanças [desde a privatização]. O que houve foi a necessidade de expansão diante de um cenário de sobra [de energia]”, lembrou.

O analista acredita que a melhor dessas opções é a exploração do gás. “Explorar a possibilidade dos recursos de gás converge muito mais em termos de todos interesses, tanto das empresas [geradoras], como estrategicamente para o o estado de São Paulo”, disse, destacando também a possibilidade de exploração de projetos de biomassa. “Vejo o gás como uma prioridade bastante interessante. Em segundo lugar, o processo da biomassa. O gás permite construir uma única usina, posicionada perto da rede de transmissão. A biomassa passaria por uma produção mais distribuída. Tem aspectos diversos, mas todos eles convergem para a viabilidade”, concluiu.

Autor: Canal Energia