Prazo maior para redução do IPI dará mais fôlego para o setor da Construção Civil

A prorrogação da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) irá melhorar as vendas e ampliar o número de empregos e investimentos na cadeia produtiva da Construção Civil, segundo avalia o presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), Cláudio Elias Conz, em entrevista concedida ao Portal Obra24horas.

A medida, anunciada no dia 29 de junho pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, estendeu para até 31 de dezembro deste ano, a diminuição temporária do imposto, cujo prazo anterior era 30 de junho.

Segundo Conz, a medida certamente dará fôlego e ânimo ao setor no sentido de melhorar as vendas e ampliar o número de empregos e investimentos na cadeia produtiva. O presidente da Anamaco ainda falou sobre a desoneração de encargos (PIS-Confins) sobre a folha de pagamento que, segundo ele, será mais uma novidade para este ano. Confira a nossa entrevista!

Portal Obra24horas: Qual o balanço que o senhor pode fazer sobre os primeiros meses da redução o IPI nas vendas de materiais de construção?
Cláudio Elias Conz: As vendas no varejo de material de construção cresceram 5,5% no mês de junho, na comparação com o mesmo período de 2008. Na comparação junho de 2009 sobre maio de 2009 o desempenho foi de 4%. Já no acumulado do ano (janeiro a junho de 2009 sobre o mesmo período do ano passado), o setor cresceu 1,3%. As vendas dos produtos com redução de IPI cresceram 10% em junho e, no acumulado de abril a junho, 12,5%.

Portal Obra24horas: Com a prorrogação temporária do IPI para o final deste ano, como fica a expectativa do setor para o segundo semestre?
Cláudio Elias Conz: Em função da prorrogação do IPI para até dezembro, fomos obrigados a rever nossa projeção de crescimento para 2009, que até então era de 5%. Agora, a nossa expectativa é que fecharemos o ano com 6,5% de crescimento sobre 2008. Além disso, a inclusão de vergalhão de cobre no pacote de desoneração abre a perspectiva de inclusão de outros segmentos para que a concorrência dos produtos utilizados na mesma faixa de uso não seja prejudicada. Isso favorece a chamada isonomia tributária.

Portal Obra24horas: Fala-se muito de um projeto, encabeçado pelo setor de materiais de construção, de desoneração da PIS-Confins, assim como o corte de 50% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Como o governo tem reagido à proposta?
Cláudio Elias Conz: A desoneração de encargos sobre a folha de pagamento será uma realidade ainda este ano. Os estudos estão bem adiantados na Receita Federal e se estamos aguardando apenas o momento mais oportuno, já que tem havido queda na arrecadação.

Portal Obra24horas: Que benefícios poderiam ser alcançados com a implantação dessas medidas?
Cláudio Elias Conz: Os benefícios são muitos. Além da melhoria na competitividade das empresas intensivas, investiríamos mais na mão de obra, o que afetaria diretamente os preços das exportações. Com isso, as empresas brasileiras teriam melhores condições de competirem no mercado interno com as importações causadas pelo valor baixo do dólar

Portal Obra24horas: Quais os efeitos parciais que essas medidas poderiam ter sobre as indústrias de materiais de construção?
Cláudio Elias Conz: Aumento direto no número de novos empregos no comércio e melhoria na competitividade das indústrias.

Portal Obra24horas: Quais os projetos que serão tocados a partir de agora?
Cláudio Elias Conz: Neste segundo semestre iremos focar os nossos trabalhos para baixar o IPI também dos produtos que não foram beneficiados pelo pacote. Há muitos IPIs de produtos do setor com alíquotas de 10%, 18%. A nossa intenção é trazer todos eles para um patamar 5%, assim teríamos apenas duas alíquotas – a zerada e a de 5%. Em 2010 iremos trabalhar para a extinção total do IPI para os produtos do setor, já que começam a sair as liberações para o programa “Minha Casa, Minha Vida”. A estimativa preliminar é a de que, até junho de 2010, entre a aprovação e a construção, estejam sendo feitas 650 mil unidades. Como o setor tem um ciclo muito longo, não se pode, no meio de um programa desta magnitude, sofrer um aumento dos preços dos produtos.

Autor: Portal Obra24horas