Rodoanel e Marginal Tietê – novidades em suas execuções

Mais de duzentas pessoas lotaram o auditório do Instituto de Engenharia no dia 15 de junho para assistir à apresentação do diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, sobre as questões administrativas e institucionais que envolvem a adequação viária da marginal do Rio Tietê, o término do Rodoanel- trecho sul, início das obras do trecho leste e projeto do trecho norte, adequação da avenida Jacu Pêssego e diversas outras intervenções viárias de grande porte que atualmente se realizam no entorno da Região Macrometropolitana de São Paulo. Se considerarmos que 50% da carga transportada no Estado têm origem ou destino nessa região, podemos avaliar o impacto e a importância dessas obras e da sua correta condução.

Tendo em vista o grande interesse que essas obras despertam, pela excepcional gestão envolvida que está permitindo que se construam as maiores, melhores e mais econômicas obras viárias do País e, principalmente, com uma grande antecipação de prazos, Vieira explicou como é conduzido o gerenciamento dessas obras.

“O trabalho em conjunto [Estado e município] é o que tem facilitado o rápido andamento das obras”. Foram constituídos grupos de trabalho com representantes de 11 órgãos de governo envolvidos, que atuam fortemente para resolver todas as pendências, dificuldades e licenciamentos que possam haver e que hoje estão com 90% das decisões implementadas. Os grupos de trabalho operam de forma matricial com a estrutura de gerentes de cada órgão, produzindo uma interessante dinâmica interdisciplinar, sinérgica, coesa e eficaz.

Esses grupos, que são responsáveis pelo desempenho das frentes de obra, liberando as construtoras para o seu trabalho, atuam nas questões de meio ambiente, desapropriação, reassentamentos, institucionais, interferências e comunicação social de tudo o que é afeito ao trabalho.

Adequação da Marginal Tietê:

As marginais, que para fins dessas obras estão divididas em três trechos, têm hoje sérios problemas de fluidez e locomoção, causando em última instância prejuízos ao bolso do cidadão e danos ao meio ambiente. Com o grande trânsito da região, são perdidos por ano: R$ 1,2 milhões, 1,7 milhões hora/ano e 1,5 milhões de litros de combustíveis/ano.
Atualmente, a velocidade média nas marginais, em horário de pico, é de 5 km/h. O projeto tem como objetivo construir 23 quilômetros de pista central e um conjunto de obras de acesso e saídas, tanto na Marginal Tietê quanto nas rodovias que chegam a São Paulo, melhorando em até 35 vezes a fluidez atual.

Haverá uma nova estrutura nas marginais. As calçadas serão reformadas com replantio de árvores e mudas, num total de 160 mil, sob a coordenação da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. “Essas reformas vão gerar empregos, melhorar a qualidade de vida do cidadão e agilizar o transporte de cargas”, comentou.

Sobre a calha do Rio Tietê, Vieira explicou que já existem vários pontos sem permeabilidade ou com grandes danos ao meio ambiente. “Não adianta preservar o que já foi. Temos que cuidar da várzea do Tietê”.

Ainda sobre a Marginal Tietê, ele divulgou que três, das pontes já existentes, passarão a ser estaiadas para permitir usar o canteiro central removendo-se os pilares atuais, na tentativa de resolver os gargalos de tráfego. “As pontes que puderem ser ampliadas, serão”.

Várzea do Tietê – A principal proposta é preservar o rio e suas áreas inundáveis. As obras já começaram. A várzea está sendo ampliada e liberada para ajudar no combate às enchentes. Também haverá uma ciclovia, calçadas para pedestres e uma estrada parque, que terminará em conjunto com a marginal. O arquiteto Ruy Otake está desenvolvendo um projeto para o Parque Jacuí, ao lado da favela do Gato. O Parque Ecológico do Tietê também não foi esquecido e passará por melhorias e adequações.

Desapropriação – As 1.200 famílias em cinco meses foram levadas para unidades habitacionais ou receberam indenização. Dos R$ 52 milhões investidos na estrada, entre 8% e 12% deste valor são direcionados para a área de habitação, como forma de propiciar o reassentamento..

Inauguração – A Nova Marginal deverá ser inaugurada no dia 27 de março de 2010. Trabalham nessa obra 27 empresas executoras contratadas e, como mencionado acima, com os cronogramas muito adiantados. 

Rodoanel: um marco na Engenharia Brasileira

O Rodoanel de São Paulo é uma das maiores obras de infraestrutura do Brasil. Vai melhorar, e muito, a trafegabilidade na região da Grande São Paulo. Para que o empreendimento fique pronto em tempo hábil e atenda a todos os órgãos envolvidos, foi montado um sistema baseado em comitês de gestão que tem produzido resultados surpreendentes.

“As pessoas, que fazem parte do comitê gestor, têm poder de decisão. Comunicamos às instâncias superiores o que está acontecendo e fazemos visitas à obra a cada 15 dias”, explicou Vieira de Souza.

O Rodoanel está dividido em quatro trechos. O acesso será controlado, com apenas 16 intersecções de rodovias, federais e estaduais, e algumas exceções. “O cinturão, que foi projetado, não permite a expansão desordenada da mancha urbana, atuando como barreira, com inúmeras áreas de lazer – parques – e reservas ambientais. A velocidade diretriz será de 120 km/h, padrão das rodovias classe 0.

O Trecho Sul entrará em operação em fevereiro de 2010, com 57 km de extensão e 4 km de interligação na Av. Papa João XXIII. As obras tiveram início em junho de 2007, após um longo período de retardos, devido às dificuldades para obtenção das licenças ambientais. Apesar de 48 meses contratados para as obras, o prazo para execução foi de apenas 32 meses, ou seja, 16 meses de antecipação. Um prazo recorde. Uma média de 2 km por mês. “Essa obra muda o paradigma de construções no Brasil com relação a prazos e valores”, comentou o diretor da Dersa.

O Trecho Norte terá 44 km de extensão para a alternativa em estudo. O custo do empreendimento é de R$ 4,8 bi e da obra R$ 3,5 bi. O início de obras está previsto para 2011, com operação prevista para 2014. Também está em fase de licitação do licenciamento ambiental e projeto.

O Trecho Oeste tem 32 km de extensão e foi concluído em 48 meses. As obras tiveram início em outubro de 1998 e está em operação desde outubro de 2002.

O Trecho Leste terá 43,5 km de extensão para o traçado proposto. O prazo de execução é de 30 meses. O custo do empreendimento é de R$ 3,8 bi, sendo que para as obras civis serão R$ 2,8 bi. O início das obras está previsto para 2010 e início da operação para 2012. Atualmente, está em fase de licenciamento ambiental e execução do projeto.

Os prazos antecipados, as economias e os benefícios que a macrorregião Metropolitana terá com esse conjunto de obras só está se tornando realidade por conta do extraordinário esforço de gestão empreendido, desde a ação e prioridade governamentais até o alto grau de competência técnica da engenharia brasileira, que hoje se situa entre as melhores do mundo.

Autor: Viviane Nunes