Portos nordestinos: um oceano repleto de oportunidades

Na opinião de especialistas, falta conexões de transporte eficientes para torná-los competitivos Complexos possuem infraestrutura para atender a demanda Contando com 16 portos em atuação, o Nordeste brasileiro possui a infraestrutura portuária necessária para atender a demanda. No entanto, a falta de conexões de transporte eficientes faz com que os complexos da região atraiam menos 
movimentações do que podem atender. 

Para reverter este cenário as autoridades portuárias locais têm apostado em investimentos destinados a modernização dos terminais nordestinos. Tanto é que nos últimos anos, estes espaços registram significativas altas em suas movimentações. 

De acordo com o pesquisador Paulo Resende, Coordenador do núcleo de logística da Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte, três fatores sustentam o reconhecimento da região no mercado.
A localização mais próxima dos mercados europeu e norte americano; os portos não estão congestionados; e o incentivo que os estados nordestinos estão dando para que a eficiência na movimentação das cargas seja incrementada. Estes três fatores têm ocasionado um aumento da atratividade dos portos localizados no Nordeste do País, aponta. 

Para Sérgio Novaes, Diretor presidente da Docas do Ceará, a criação da SEP (Secretaria Especial de Portos) pelo governo federal também impulsionou o crescimento do setor no Nordeste no País.
A criação da SEP foi uma boa medida. Centralizar as decisões do setor em um órgão específico auxilia o crescimento da cadeia produtiva, argumenta.

Wilen Manteli, Presidente da ABTP (Associação Brasileira dos Terminais Portuários), acredita que o crescimento da produção brasileira nos últimos anos também influenciou no desempenho dos terminais nordestinos. 

Gargalos 

Embora o cenário seja positivo, há questões que preocupam especialistas. Segundo Resende, há uma necessidade de aprimoramento da capacidade logística de acesso a esses portos, pois apenas assim, será possível atrair movimentos de grandes distâncias. 

Localização estratégica, criação da SEP e crescimento econômico brasileiro podem justificar os bons resultados. 

Segundo o pesquisador, para tornar o serviço eficaz é necessário investir em sua capacidade. É preciso destinar recursos para rodovias e ferrovias, pois estes dois modais poderiam melhorar o acesso aos terminais. Além disso, a cabotagem navegação ao longo da costa -, permitiria que estes portos recebessem as cargas do exterior e, posteriormente, as enviassem para os portos do Sul e do Sudeste. 

Novaes também acredita que a cabotagem pode auxiliar o crescimento dos terminais da região. Hoje as rodovias estão muito deficitárias, com isso, acredito que haverá um incremento significativo do uso da cabotagem no País, afirma o Diretor presidente da Docas do Ceará. 

Já Manteli, da ABTP, aponta que além destas duas modalidades, as hidrovias devem receber atenção. O transporte intermodal é imprescindível para que os portos da região cresçam. Não faz sentido a produção da região Centro-Oeste, por exemplo, percorrer uma distância superior a dois mil quilômetros até chegar a algum porto do sudeste, ao invés de seguirem para os terminais do nordeste, ressalta.
Pesquisa
Um estudo realizado pelo CEL/Coppead/UFRJ (Centro de Estudos em Logística do Instituto de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro) ouviu a opinião de 218 representantes de empresas, entre exportadores, agentes marítimos, embarcadores e armadores, sobre a qualidade dos principais portos nacionais.
O levantamento avaliou 18 terminais, deste total, aproximadamente 70% foram considerados regulares ou deficientes. Entre os principais problemas estão: acesso rodoviário ruim, tamanho de calado insuficiente e saturação do movimento.
Pesquisa apontou que os acessos rodoviários são as principais dificuldades. O porto melhor avaliado do País é o terminal marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão. Numa escala de 0 a 10, este complexo, cuja operação é realizada pela Companhia Vale, recebeu nota 9,3.
Entre os fatores que possibilitaram este resultado está o fato dele ser o único no Brasil que possui calado profundo o bastante entre 21 e 23 metros para receber e carregar o maior graneleiro do mundo – o Berge Stahl, de bandeira norueguesa, cuja capacidade de transporte é de 365 mil toneladas.
Outro complexo nordestino bem avaliado foi o terminal de Suape que obteve uma nota média de 8,3. Em compensação, os portos de Salvador (BA) e Fortaleza (CE) apareceram entre os terminais com menores médias, 5,1 e 5,7, respectivamente.
A pesquisa verificou também o que, na opinião dos entrevistados, são os principais problemas nos portos citados da região nordeste. Em Aratu (BA), a janela de atracação de navios foi o principal gargalo apontado. Em Fortaleza (CE), o acesso rodoviário, o calado, a infraestrutura de armazenagem, os problemas com avarias, a tarifa e os equipamentos são os entraves do complexo.
Já o porto de Salvador (BA), na visão dos embarcadores, possui grandes problemas de acesso rodoviário. Suape, em Pernambuco, sofre com problemas na janela de atracação de navios e com a baixa frequência deles, segundo os participantes da pesquisa.

Autor: Webtranspo