Arquitetos chilenos propõem túnel de 150 km para ligar a Bolívia ao Oceano Pacífico

Os arquitetos chilenos Humberto Eliash, Carlos Martner e Fernando Castillo Velasco propuseram a construção de um túnel de 150 km de extensão que ligue o território boliviano ao Oceano Pacífico, passando por subsolo chileno e peruano. 

A proposta dos arquitetos prevê a construção do túnel abaixo da Linha fronteiriça da Concórdia, entre Chile e Peru. Segundo o projeto, a interligação teria início na cidade boliviana de Charaña e fim em uma ilha artificial entre 600 m e 1 km da costa chilena no Oceano Pacífico, de onde os produtos bolivianos poderiam ser exportados. 

Os arquitetos sugerem que a ilha, de soberania boliviana, seja “construída” com o solo e rocha extraídos da escavação das obras ou por outra técnica que viabilize uma ilha flutuante, mais barata. Os custos de construção ficariam a cargo da Bolívia que, na opinião dos arquitetos, poderia construir um gasoduto abaixo da via, também com saída na ilha, para ser exportado e custear a obra. 

A proposta ainda está no papel e não há um estudo detalhado a respeito da viabilidade técnica do projeto. Mas Eliash já declarou que defende o uso de uma das técnicas de escavação de túneis metroviários, por seu sucesso na implementação de obras do tipo ao redor do mundo e também por ser menos invasiva para a superfície. 

A ideia da obra surgiu de uma conversa entre Eliash e o arquiteto Carkis Martner, sendo amadurecida ao longo dos últimos três anos com os outros dois colegas. O esboço do túnel se tornou público em agosto de 2008, com a publicação do livro “Lecciones del tiempo vivido: al cumplir 90 años”, de autoria de Velasco. 

O autor trata do projeto no capítulo intitulado “Una mega propuesta arquitectónica”. A proposta ganhou destaque com as atuais reivindicações diplomáticas do presidente boliviano Evo Morales para criar uma ligação de seu país com o oceano. A Bolívia perdeu seu único acesso ao mar para o Chile em 1879, na Guerra do Pacífico. 

Querelas políticas 

De acordo com Eliash, a interligação do túnel não apresentaria entraves técnicos ou econômicos, mas políticos. A viabilização do traçado do túnel dependeria da permissão do Peru e do Chile. Entretanto, a fronteira é alvo de disputa entre os dois países. 

Em janeiro de 2008 o Peru apresentou um processo à Corte Internacional de Justiça em Haia (Holanda), para discutir o assunto. Em março deste ano, entregou um relatório em que defende o redesenho de sua fronteira marítima com o Chile, que alega que os limites marítimos foram determinados em tratados assinados na década de 50. Já o Peru afirma que estes são apenas acordos “pesqueiros”. 

O governo boliviano não se manifestou sobre o projeto. Já o chanceler chileno, Mariano Fernández, 
afirmou que o governo “está aberto” a propostas, inclusive a construção do túnel de 150 quilômetros, desde que não afetem as fronteiras entre Chile e Peru.

Autor: PINIweb