Projetos integrados de transporte de carga vão aliviar o trânsito na região de São Paulo

Uma alternativa ao transporte de cargas pelas ruas e avenidas da Região Metropolitana de São Paulo foi apresentada dia 17 pelo diretor do departamento Hidroviário do Estado de São Paulo, Frederico Bussinger, aos integrantes do Conselho de Infra-estrutura (Coinfra) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). 

Foram apresentados quatro projetos: a logística do etanol, que integra a hidrovia, a dutovia e o Porto de São Sebastião, localizado no litoral norte de São Paulo; a extensão de 55 quilômetros até Artemis, pelo Rio Piracicaba; a extensão de 200 quilômetros até Salto pelo Rio Tietê; e a implantação do hidroanel metropolitano, de 186 quilômetros.

Segundo Bussinger, a hidrovia já existe e é aproveitada. A idéia é ampliar esse meio de transporte. Ele avaliou que a viabilidade da ampliação da hidrovia na Região Metropolitana é total, já que, nos últimos 50 anos, o governo do estado de São Paulo investiu mais de R$ 2 bilhões para a construção dos equipamentos da hidrovia.

“A hidrovia é uma realidade, em 2008 foram transportados mais de 5 milhões de toneladas de carga e, nos últimos dez anos, a hidrovia foi o modo de transporte que mais cresceu, cerca de 12% ao ano, de forma sustentada. O que discutimos agora é a ampliação desse sistema. São Paulo é quase uma ilha com um canal de 25 quilômetros. Nós fazemos o hidroanel, que se superpõe ao rodoanel e ao ferroanel, em três regiões distintas, possibilitando uma integração trimodal”, avaliou o diretor.

Bussinger destacou que os caminhões transportam cerca de 1 bilhão de toneladas por mês pelas pistas da Região Metropolitana de São Paulo, quase o mesmo volume que o Porto de Santos movimenta por ano. “São mais de 400 mil viagens de carga aqui, portanto a possibilidade de transferir parte dessa carga para a hidrovia, a ferrovia e a dutovia é uma enorme contribuição para o trânsito de São Paulo, para a redução do consumo de combustível e para o meio ambiente”.

Ele ressaltou que a utilização do Rio Tietê é possível porque o rio já é navegável em 41 quilômetros entre Santana do Parnaíba e o bairro da Penha, na zona leste da capital, onde já está sendo desenvolvido o projeto de uma eclusa que agregará mais 14 quilômetros de navegação. “E aí, pouco a pouco, é possível compor esse hidroanel. A dificuldade que existe é entre Santana do Parnaíba e Salto, onde há um desnível de 200 metros em 100 quilômetros, o que torna necessária a conexão por ferrovia”.

O diretor disse que os prazos são distintos para que o projeto seja executado integralmente, já que cada um tem seu custo e seu tempo para ser executado e existem agendas e estágios diferentes. Bussinger disse que os investimentos devem ser feitos por meio de Parceria Públicos Privadas (PPP). “Não será uma coisa única, dependerá de cada caso, trecho a trecho e de cada obra. Certamente haverá participação decisiva da inciativa privada”.

O presidente do Coinfra, Fernando Xavier, afirmou que os empresários ligados à Fiesp apóiam o projeto. Segundo ele, a apresentação trouxe uma visão clara de que é possível potencializar a utilização da hidrovia com investimentos razoáveis. “Vimos ainda comparações com outros países que utilizam as hidrovias em uma proporção muito maior do que aquela que fazemos aqui no Brasil. É um assunto para o qual não se está dando a devida atenção, diante da importância que tem para resolver um problema e bem resolvido.”

Autor: Agência Brasil