Rio Tietê deve ganhar mais 200 quilômetros navegáveis

O Departamento Hidroviário (DH), da Secretaria dos Transportes, e o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), da Secretaria de Saneamento e Energia, realizam estudos sobre a ampliação da utilização do rio Tietê na região metropolitana de São Paulo. Um dos principais pontos do projeto é o estabelecimento de diretrizes para utilização da via até a cidade de Salto. Com isso, o percurso navegável, que hoje tem 595 quilômetros, seria expandido em 200 quilômetros. 

“A navegação comercial do rio Tietê é um tema que vem sendo discutido há bastante tempo pela comunidade técnica. O objetivo principal é tornar o rio Tietê navegável e criar condições seguras, abrindo o leque comercial de cargas. É menos poluente e pode ser utilizado para turismo e lazer”, disse o superintendente do Daee, Ubirajara Tannuri Felix. 

Com a maior utilização da hidrovia, é possível prever uma redução de gastos com o transporte de mercadorias. A despesa com combustíveis é 19 vezes maior no transporte rodoviário. Dados preliminares do Departamento Hidroviário mostram que, com a expansão do curso navegável, o custo específico da hidrovia teria uma redução de 20%. Além disso, o custo da logística, baseada na combinação de hidrovia, ferrovia e rodovia, chega a ser 38% menor do que o baseado unicamente na rodovia. 

O estudo, que será feito por um grupo de trabalho composto por seis engenheiros, deve ser concluído em quatro meses. De acordo com o diretor do Departamento Hidroviário, Frederico Bussinger, a estimativa é de que, uma vez iniciadas, as obras sejam terminadas em dois ou três anos, e o investimento pode chegar a cerca de R$ 800 milhões. 

A construção de uma eclusa na barragem da Penha para permitir a regularidade da navegação no rio também está incluída nos estudos. “Nós temos um ponto de estrangulamento que é a barragem da Penha, que ficou pronta há 30 anos e tem uma operação para controle de cheias, mas não temos eclusa, que é como um elevador de águas que cria maiores condições de navegabilidade”, disse Ubirajara. 

Em 2008, foram movimentados 4.854 milhões toneladas de mercadorias no Tietê. O principal produto transportado foi o complexo de soja (soja em grãos e farelo de soja), com quase 1.430 mil toneladas. “É como se o rio Tietê tivesse toda a movimentação do Porto de Santos 12 vezes”, disse Bussinger. Estima-se que a movimentação poderá alcançar 20 milhões de toneladas por ano. 

Atualmente, 58% do transporte nacional de mercadorias são feitos por rodovia, 25%, por ferrovia e 13% são feitos pelo sistema hidroviário. A projeção é de que, em 2025, o transporte hidroviário tenha um crescimento de 120% e seja responsável por 29% da matriz de transporte, enquanto o sistema rodoviário deve sofrer uma redução de 43%, ficando com 33% da malha viária, e o ferroviário, de 32%. 

Os empresários que trocam as rodovias e ferrovias por hidrovias precisam de um terminal de transbordo e de um operador de barcaças. Bussinger afirmou que o poder público está buscando incentivar esta ação nas empresas e que muitos estão estudando a alternativa. 

Outros benefícios 

Além das vantagens comerciais, o aumento do trecho navegável do rio Tietê pode trazer outros benefícios, como a redução do congestionamento e da poluição da região metropolitana de São Paulo. 

“Às portas da região metropolitana de São Paulo, as cargas terão a possibilidade tanto de serem transferidas à ferrovia existente em direção ao Porto de Santos, como de alcançar a própria metrópole em um novo ramal que pode ser construído, assim contribuindo para o descongestionamento do trânsito e para a redução da poluição da região”, disse o diretor do departamento Hidroviário, Frederico Bussinger.

Autor: DCI