Votorantim compra 28% da Aracruz e pode assumir controle da empresa

A VCP (Votorantim Celulose) anunciou nesta terça-feira que adquiriu 28,03% do capital votante da Aracruz por R$ 2,71 bilhões, se tornando uma das principais acionistas da empresa. A VCP pode comprar ainda outra participação de igual tamanho nos próximos dias, o que a faria sócia majoritária da Aracruz e tornaria o grupo o maior produtor de papel e celulose do mundo. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) vai desembolsar até R$ 2,4 bilhões para viabilizar o negócio.

O acordo foi assinado ontem com as famílias Lorentzen, Moreira Salles e Almeida Braga. A VCP pagará da seguinte forma: R$ 500 milhões à vista, três parcelas de R$ 500 milhões pagas em julho de 2009, janeiro de 2010 e julho de 2010, uma parcela de R$ 400 milhões em janeiro de 2011 e uma parcela de R$ 300 milhões em julho de 2011. Da parcela de julho deste ano, R$ 100 milhões ficarão creditados na VCP, em nome das famílias, para utilização na integralização de subscrição de ações preferenciais de emissão de VCP.

A VCP tomará o controle definitivo da Aracruz caso a Arainvest Participações (pertencente ao Grupo Safra), dona de outros 28,03% da Aracruz, fazer valer um acordo de direito de venda assinado em 2003 com as três famílias. Nesse acordo, ficou fechado que o comprador da parte teria que comprar também a fatia da Arainvest nas mesmas condições caso ela quisesse.

Se isso ocorrer, a VCP deverá realizar uma OPA (Oferta Pública de Ações) para elevar seu capital social em até R$ 4,254 bilhões.

O acordo já vinha sendo desenhado desde o ano passado. Porém, a crise financeira causou sérios problemas com derivativos cambiais nas duas empresas, o que fez com que desistissem do negócio.

A compra voltou à tona com a renegociação das dívidas com os derivativos por parte da Aracruz. Ontem, a empresa anunciou que está próxima de fechar a rolagem com bancos credores de mais de 80% da dívida.

Ao todo, são US$ 2,13 bilhões de prejuízo, que serão amortizados em até nove anos, com pagamentos semestrais em 2009 e trimestrais a partir de 2010. O acordo também prevê a retomada do projeto de expansão da unidade de Guaíba (RS), a partir do primeiro semestre de 2010.

Autor: Folha de S.Paulo