Diesel ecológico exige troca de toda a frota, afirma Petrobras

A frota de veículos movidos a óleo diesel no Brasil ainda não possui tecnologia que atenda aos níveis de emissão de poluentes exigidos pelo Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). A solução seria a troca de toda a frota brasileira de transporte de cargas, principalmente os veículos com mais de 10 anos de uso, que deveriam além disso, serem sucateados e reciclados. 

Essa é a opinião do diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e da procuradora da República do Ministério Público Federal (MPF), Ana Cristina Lins, expressa durante a entrevista para divulgar o balanço dos primeiros dias de fornecimento do óleo diesel com baixo teor de enxofre, o S-50, para toda a frota cativa de ônibus das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Para eles, a melhor forma de estimular essa substituição é por meio de políticas públicas, porém, não esboçaram nenhuma alternativa. 

“Não é possível melhorar o ar apenas com um combustível melhor, nenhum veículo atualmente tem a tecnologia para atender aos níveis que a etapa P-7 do Proconve estabelece”, afirmou o diretor da estatal. 

Com o atual nível de tecnologia os caminhões poderiam ter as emissões reduzidas em 10%, mas a combinação combustível e veículos mais modernos poderia melhorar em 75% esses níveis. Costa disse que a empresa vem fazendo sua parte e tem a previsão de investir R$ 6 bilhões até 2013 para o fornecimento de diesel S-10 (com 10 ppm de enxofre) para todos os veículos novos e do S-500 (500 ppm de enxofre) em todo o Brasil, em 2014. Atualmente, o nível é de 1800 partículas por milhão, índice que foi reduzido de 2000 ppm em janeiro. 

De acordo com o secretário de qualidade ambiental do Ministério de Meio Ambiente, Rudolf de Noronha o processo de definição de um modelo para incentivar a renovação ainda está em processo embrionário e envolve o estudo de modelos adotados no México e na Colômbia. 

Na opinião de Marcos Saltini, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o governo deve criar condições mais adequadas para quem tem um caminhão antigo poder trocar seu veículo. “O autônomo não consegue entrar em programas de financiamento por não possuir as garantias”, destacou Saltini. “Depende de vontade política e das condições financeiras. 

Um exemplo é reduzir tributos do produto e parte desse valor poderia ir para um fundo de aval com o objetivo de viabilizar essa aquisição”, sugeriu ele. 

Para Flávio Benatti, presidente da Seção de Cargas da Confederação Nacional do Transporte (CNT), a idade média de frotas no Brasil passa de 18 anos. O quadro piora quando são avaliados os veículos de autônomos, que passam de 20 anos, podendo chegar a casos de 50 anos de uso de um caminhão. “A renovação da frota não acontecerá de forma imediata, são mais de 1,6 milhão de veículos no País e a produção da indústria foi de 120 mil unidades”, lembrou. Ele defende redução de juros, a concessão de subsídios dos bancos de fomento e a reciclagem dos veículos mais velhos. 

Para atender aos níveis exigidos pelo Programa de Controle de Poluição do Ar (Proconve), Paulo Roberto Costa, da Petrobras, propõe a troca de toda a frota de transporte de cargas.

Autor: DCI