Estaleiro Atlântico Sul estuda duplicar capacidade até 2010

Concebido como estaleiro de médio porte, o Atlântico Sul, em Suape (PE), poderá dobrar de tamanho, a partir de 2010, para atender encomendas de plataformas, navios de perfuração e embarcações para transporte de granel, contêineres e petróleo. 

O projeto, com investimentos estimados em mais de R$ 1 bilhão, representa uma nova expansão. O estaleiro passou por uma primeira ampliação quando foi instalado. A capacidade original de processamento de aço, prevista em 60 mil toneladas de chapas por ano, foi elevada e situa-se hoje em 160 mil toneladas. Em dois anos, o estaleiro poderá estar apto a processar 320 mil toneladas anuais, diz o presidente do Atlântico Sul, Paulo Haddad. 

Por trás do projeto em estudo está a idéia de transformar o estaleiro em uma cópia dos sócios sul-coreanos, a Samsung Heavy Industries que este ano comprou 10% do Atlântico Sul. Os outros sócios são Camargo Corrêa (40%), Queiroz Galvão (40%) e PJMR (10%), uma sociedade de quatro executivos que incluiu o próprio Haddad. A expansão poderia levar o estaleiro pernambucano a ter um segundo dique-seco (o atual tem 400 metros de comprimento por 75 metros de largura). 

A área do estaleiro já foi ampliada de 86 hectares para 168 hectares em negociação com o governo do Estado, disse Haddad. 

Se a médio prazo, o estaleiro se movimenta para atender o crescimento das encomendas, inclusive em função das necessidades da Petrobras com o pré-sal, a curto prazo a meta é consolidar o empreendimento, cujo valor de investimento, considerando-se a capacidade atual, é de R$ 1,4 bilhão. 

Do investimento total, 23% correspondem ao capital a ser investido pelos sócios e o restante a financiamentos. Segundo Haddad, o estaleiro recebeu R$ 287 milhões de um total de R$ 513 milhões aprovados pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM), fonte de longo prazo para a indústria naval brasileira. 

No momento, o Atlântico Sul está na expectativa da aprovação, pelo FMM, de um valor suplementar. O objetivo é de que o fundo financie o estaleiro, nessa fase, com cerca de R$ 1,1 bilhão. 

Haddad avalia que há oportunidades de novos contratos na marinha mercante e também no segmento offshore. Há prospecção de negócios para construir navios de contêineres para cabotagem e também para operar com granéis. No setor de petróleo e gás, as chances incluem a construção de plataformas semi-submersíveis, de navios de perfuração e de embarcações de apoio offshore. 

O Atlântico Sul também tem interesse na licitação do segundo pacote de petroleiros da Transpetro, a subsidiária de logística da Petrobras. A entrega das propostas nesta licitação está marcada para 8 de outubro. 

O Atlântico Sul foi o ganhador de um lote de dez navios Suezmax no primeiro pacote de navios encomendado pela Transpetro dentro do programa conhecido como Promef I. A encomenda está orçada em US$ 1,2 bilhão, dos quais 83% devem ser financiados pelo FMM. 

O primeiro navio está em fase de construção e deve ser entregue em abril de 2010. As últimas unidades devem ser entregues em 2012, um ano antes do previsto, disse Haddad. Ele avaliou que o encarecimento de peças e componentes tornará difícil entregar os navios do Promef II pelos mesmos valores contratados no primeiro programa da Transpetro. 

Segundo Haddad, os projetos hoje em curso no estaleiro garantem ocupação da capacidade produtiva da ordem de 55% até 2010. Além dos dez Suezmax, o estaleiro ganhou a construção do casco da plataforma P-55, da Petrobras, e tem contrato para fazer dois VLCCs (navios de grande porte). 

Haddad afirma que a expansão do Atlântico Sul depende da disponibilidade de recursos no Fundo da Marinha Mercante e admite que uma possibilidade de crescimento para o estaleiro é participar da licitação a ser aberta pela Petrobras para construir, no dique seco de Rio Grande (RS), cascos de navios-plataforma. Na semana passada, a Petrobras anunciou que a diretoria da empresa aprovou a construção de dez navios-plataformas. 

No atual cenário de crise dos mercados, Haddad disse que a valorização do dólar torna o estaleiro mais competitivo e criticou quem acredita que, para o estaleiro, é melhor importar todos os bens e equipamentos do exterior.

Autor: Valor Econômico