Software desenvolvido na Poli/USP ajuda empresas a gerenciar segurança do trabalho e riscos ocupacionais

Os índices de acidentes de trabalho no Brasil têm caído, mas não o suficiente para colocar o país em um patamar abaixo do ocupado por vizinhos na América Latina. Dados do último Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho apontam que, em 2006, 537.457 acidentes de trabalho foram registrados no Brasil, com um total de 2.717 mortes e 8.383 trabalhadores incapacitados. 

Uma das causas deste índice elevado é que a maioria das empresas brasileiras ainda adota práticas reativas na segurança do trabalho, ou seja, poucas têm uma gestão efetiva dos riscos ocupacionais. Para ajudar a mudar esse quadro, o engenheiro Reginaldo Pedreira Lapa desenvolveu uma metodologia de identificação de perigos e avaliação de riscos ocupacionais. A metodologia já foi testada em 15 empresas de diferentes portes e atividade econômicas. 

Fruto de sua dissertação de mestrado no Departamento de Minas e de Petróleo da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (PMI/Poli/USP), a metodologia é tão inovadora que recebeu, em 2006, o Prêmio “Empreendedores Criativos” da Fundação Ibero-Americana de Seguridade e Saúde Ocupacional (FISO). Para facilitar sua aplicação pelas empresas, a metodologia foi recentemente incorporada em um software. 

O software registra e trata os dados dos acidentes de trabalho, de forma a gerar parâmetros efetivos para sua prevenção. “O programa, que pode ser integrado com outras áreas ou unidades da empresa, possibilita uma visão micro e macro da situação de risco, podendo monitorar tanto tarefas como processos”, explica Lapa. 

Um dos diferenciais é a geração de indicadores de risco, que mudam conforme as medidas preventivas adotadas. “Com as informações fornecidas pelo software, é possível detectar o risco, tomar decisões e acompanhar o resultado”, acrescenta Lapa. 

Democratização da informação – O software foi concebido para agregar também informações que facilitam o gerenciamento de medidas de prevenção e proteção ao trabalhador, além de auxiliar no atendimento dos requisitos da legislação brasileira, tais como controle médico dos empregados, andamento das investigações de acidentes e capacitação dos funcionários. 

Seu uso é simples e de fácil compreensão, podendo ser utilizado tanto pelas áreas responsáveis pela segurança como por gerentes, supervisores e outros empregados em sua rotina diária. “Isso ajuda a democratizar o acesso às informações relativas ao gerenciamento de risco de acidentes, ou seja, as práticas adotadas pela empresa ficam evidentes para todos”, ressalta. 

Segundo o orientador da pesquisa, o professor Wilson Siguemasa Iramina, do Departamento de Minas e de Petróleo da Poli, o software é dinâmico e flexível o suficiente para atender qualquer tipo de empresa, negócio ou cultura empresarial. 

“E está alinhado com os requisitos normativos da OHSAS 18001, principal modelo de gerenciamento de segurança e saúde ocupacional adotado no mundo na atualidade”, finaliza.

Autor: Assessoria de comunicação