MRS planeja ampliar transporte de minério

A MRS Logística, concessionária da malha Sudeste da antiga RFFSA, programa investir cerca de US$ 1,8 bilhão até 2009 para ampliar a capacidade anual de transporte de minério de ferro. A meta é atingir 200 milhões de toneladas de capacidade plena até 2010, ante uma capacidade total de 180 milhões atuais. 
O objetivo é atender os novos projetos de expansão das mineradoras e siderúrgicas como CSN e ThyssenKruppCSA. “Vamos investir para acompanhar esse crescimento”, afirma Henrique Aché Pillar, diretor de planejamento e finanças da MRS.

Em 2008, dado o aumento vertiginoso da carga de minério, a MRS vai bater recorde histórico conduzindo 140 milhões de toneladas de minério de ferro. Do total, 75% são da Companhia Vale do Rio Doce e da CSN e 85 milhões de toneladas serão destinadas à exportação. Para 2009, Aché não se surpreenderia se o volume de carga da MRS atingisse 170 milhões de toneladas mantida a forte demanda pelo minério. Aché considera nessa conta que, no próximo ano, a CSN produzirá 30 milhões de toneladas de minério em sua mina de Casa de Pedra e a ThyssenKruppCSA, usina de aço em construção e que entrará em operação no fim de 2009, deverá consumir 10 milhões de toneladas de minério e calcário.

A expansão da capacidade de carga da ferrovia, programada para os próximos dois anos, será suficiente para atender a demanda adicional contratada de 40 milhões de toneladas da CSN e da CSA, avalia o executivo. A conta não inclui, porém, os planos de produção da JMendes, mina da Usiminas; da AVX, mina da MMXSudeste; e das novas minas da ArcelorMittal, que devem carregar 25 milhões a mais de toneladas de minério pelos trilhos da MRS.

A empresa está finalizando estudos para atender a sua clientela. “Temos de garantir transporte para toda a carga de minério e isto só será possível com investimentos em compras de vagão, locomotivas, duplicação do trecho de linhas e sinalização e telecomunicação. Estes são nossos investimentos básicos para atender nossos serviços”, disse Aché. Com base nessa estratégia, a MRS investiu R$ 750 milhões em 2007 e está investindo R$ 1,3 bilhão em 2008. E a companhia deve definir um nível de investimento relevante para 2009, também na casa do R$ 1 bilhão. Todo esse esforço soma R$ 3 bilhões.

Os recursos estão sendo destinados principalmente para compra de locomotivas e vagões. Atualmente a MRS possui 15 mil vagões e planeja receber mais 1,5 mil até meados de 2009. A frota de locomotivas da companhia gira em torno de 450 unidades e mais 100 já foram encomendadas e devem chegar até o fim de 2009. Este ano, a MRS já recebeu 40 locomotivas novas. A empresa não enfrenta, até agora, problemas para comprar esse material. “Estamos encomendando com prazo razoável, pois lá atrás já identificávamos aquecimento da demanda”. A continuidade deste cenário vai depender basicamente da economia chinesa, avalia o executivo da MRS.

Para não ficar ao sabor de uma demanda que a empresa não controla, o executivo informou que criou mecanismos para se proteger de problemas futuros com seus clientes. Como o estabelecimento de contratos de longo prazo para transporte de carga com cláusula de pagamento de uma parte da carga contratada. “Acho isto extremamente importante para nós, dado o nível de investimento que estamos fazendo”, declarou.

Além do minério de ferro, a MRS tem diversificado sua carga geral e de contêineres. Hoje, transporta 500 mil toneladas de carga geral, excluindo granel. Por conta do aumento da carga de minério, a participação de outras cargas está encolhendo. Em 2008 chega a 10%, ante 25% em 2002. Mas Aché acredita que a situação é uma questão de conjuntura. A empresa está também implementando uma política mais agressiva para transportar soja e açúcar.

Autor: Valor Econômico