Estrangeiros avançam em aço e na mineração via aquisições

Grandes corporações de siderurgia e mineração aumentam a participação no mercado brasileiro, fechando aquisições de empresas e minas. A Arcelor Mittal, por exemplo, anunciou sexta-feira a compra da distribuidora Manchester de Minas Gerais, e há vários outros negócios na mira de grupos internacionais do setor.

Hoje, existem dois grandes ativos à venda no Brasil: a Namisa, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), e a mina da London Mining, ambas em Minas Gerais, que estão sendo disputadas por empresas russas, indianas e chinesas, entre as quais constam várias siderúrgicas. No campo da distribuição, a Arcelor Mittal age desde abril, quando adquiriu 50% da Gonvarri Brasil, pertencente à espanhola Gonvarri. A Arcelor, que possui acordo com a Vale no Brasil para fornecimento de minério de ferro, com a compra de fatia da Manchester Tubos e Perfilados, vair reforçar sua rede de Centros de Serviços em aço no Brasil .

A Manchester serve principalmente o mercado de construção civil e tem capacidade produtiva de 240 mil toneladas por ano de produtos acabados, e 60 mil toneladas por ano de produtos processados.

“Crescer nesse mercado de expansão rápida, com uma oferta diversificada de tubos a perfis estruturais, é uma grande oportunidade para o Grupo”, disse Michel Wurth, membro da Diretoria do Grupo. As vendas líquidas da Manchester, em 2007, foram de R$ 270 milhões.

Do lado das siderúrgicas que apostam na compra de mineradoras de ferro, um sintoma da avidez das companhias vem surgindo nos últimos meses, que é a elevação dos preços das mineradoras disponíveis no mercado. “Antes apenas as mineradoras tinham interesse neste tipo de ativo, mas agora o número de siderúrgicas ofertantes é crescente”, diz uma fonte do mercado.

Em maio, o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, afirmou que já havia recebido mais de 40 propostas de tradings japonesas, chinesas, siderúrgicas e mineradoras para a compra de uma fatia de Namisa. A baixa oferta de minas à venda também colabora para a valorização dos ativos. A última mineradora de minério de ferro de grande porte que estava disponível era a J.Mendes, comprada pela siderúrgica Usiminas no início deste ano por US$ 925 milhões.

O episódio da compra da J. Mendes pela Usiminas criou atrito entre a siderúrgica e a Vale. Na ocasião, a Vale anunciou a venda de sua participação de 5,8% na Usiminas. Segundo especialistas, a falta de minas maiores tem incentivado as companhias estrangeiras a fazerem propostas por ativos menores e que não foram colocados à venda pelos seus proprietários. “Não existe mais limite de preço neste mercado”.

Este é o caso da London Mining, que comprou seu primeiro ativo no Brasil em maio de 2007, em Serra Azul, a 65 quilômetros de Belo Horizonte. Desde então, recebeu várias propostas de aquisição e começou a estudar a possibilidade de vender a mina.

O que sustenta a valorização destes ativos, segundo os especialistas, é a perspectiva de que o minério de ferro manterá seu ciclo de alta no mínimo até 2012. Além da demanda chinesa, os preços devem ser suportados pela elevada concentração da produção de minério nas mãos da Vale, da Rio Tinto e da BHP Billiton, que dominam 70% do comércio transoceânico de minério de ferro.

Mirabela

A mineradora australiana Mirabela vai iniciar a produção da mina de níquel Santa Rita, na Bahia, até meados de 2009, apesar da queda dos preços e da força do real, de acordo com o diretor, Nick Poll. A mina de Santa Rita tem reservas estimadas de 540 mil toneladas de níquel, considerado o maior depósito já descoberto nos últimos 12 anos em todo o mundo, segundo a empresa.

Os preços do níquel atingiram o menor patamar em dois anos na última quinta-feira, abaixo de US$ 19 mil a tonelada, devido ao enfraquecimento da demanda dos produtores de aço inoxidável no mundo. Pouco mais de um ano atrás, os preços estavam acima dos US$ 50 mil a tonelada.

A russa OAO GMK Norilsk Nickel e a chinesa Jinchuan Group Co, já demonstraram interesse em comprar a produção do minério da Mirabela.

Autor: DCI