A dimensão do Brasil agrário

Dos 8,5 milhões de quilômetros quadrados que constituem o território nacional, cerca de 3,4 milhões de km² (39% = 338 milhões de hectares – Ha.) possuem aptidão agro pecuária, considerado o atual estágio da ciência agronômica, e os restantes 5,1 milhões de km² englobam as florestas, montanhas, reservas, parques, praias, rios, lagos e espaços viários e urbanos do país. 

As florestas plantadas (pinus, eucalipto, etc.) ocupam 5,5 milhões de Ha, os assentamentos sociais (7945 projetos) cobrem 77,4 milhões de hectares, as áreas indígenas somam 105,7 milhões de hectares e as áreas reivindicadas pelos quilombolas alcançam 25 milhões de hectares. 

Dos 338 milhões de Ha teoricamente disponíveis, apenas 63 milhões de Ha. (7,3%) são utilizados como área de cultivo para uma produção anual de cerca de 140 milhões de toneladas de grãos e 550 milhões de t de cana (2007/8) enquanto que 75 milhões de Ha. (9%) são dedicados a pastagens naturais ou cultivadas, que abrigam atualmente cerca de 200 milhões de cabeças de gado, restando uma disponibilidade ociosa de terras de cerca de 200 milhões de Ha. para futura ampliação da produção agro-pecuária do Brasil (sem afetar a Amazônia legal) e sem agredir o meio ambiente ou comprometer a cobertura vegetal permanente do país.

Cana de açúcar

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informa que a previsão para a colheita nacional de cana-de-açúcar, está estimada em 550 milhões de toneladas na safra 2007/08 representando um crescimento de 15,8% em relação à safra anterior, que foi de 474,8 milhões de toneladas. 

A área ocupada com cana no País é de 6,96 milhões de hectares (11% da área plantada) ou 2% da área disponível no país, o que corresponde a um aumento de 13% em comparação com o período anterior. A produção está concentrada na Região Centro-Sul, que deverá colher 475 milhões de toneladas. 

Já a Região Norte-Nordeste será responsável por 75 milhões de toneladas. Segundo a Conab, da produção total de 550 milhões de toneladas, 475 milhões de toneladas serão destinados à indústria sucro-alcooleira, dos quais 252 milhões de toneladas para a produção de álcool e 223 milhões de toneladas para açúcar. Os restantes 75 milhões de toneladas serão usados para produção de cachaça, açúcar mascavo, rapadura, sementes e ração.

Álcool

A produção de álcool nesta safra alcançará volume recorde de 20,9 bilhões de litros, representando crescimento de 19,5% na comparação com à safra anterior. Do volume total, 12,7 bilhões de litros serão de álcool hidratado, enquanto 8,2 bilhões de litros serão de álcool anidro. A produção de açúcar está estimada em 30 milhões de toneladas, correspondendo a uma diminuição de 1,9% em relação ao ano anterior.

O álcool que está se transformando numa valorizada “commodity” de exportação (2,5 bilhões de litros em 2005, 3,5 bilhões em 2006 e 10 bilhões de litros em 5 anos) sendo os principais compradores os EUA (50%) e a Europa (15%) com destaque para Suécia e Holanda. Diz o prof.Marcos Jank em entrevista ao “Estadão”: “O Brasil poderia suprir toda a demanda de etanol dos EUA, de 136 bilhões de litros, e da UE, mais 14 bilhões de litros em 2020, com apenas 22 milhões de hectares de cana. O que isso representa? Somente 6,5% de nossa área agrícola ou 11% da área disponível em pastagens. 


*Miracyr Assis Marcato é diretor de Relações Internacionais do Instituto de Engenharia

Autor: *Miracyr Assis Marcato