Poli/USP desenvolve tubo de concreto reforçado com fibras de aço para saneamento

O setor de saneamento básico no Brasil pode agora contar com tecnologia para a produção de tubos de concreto reforçados com fibras de aço. O estudo foi desenvolvido na Poli/USP por Antonio Domingues de Figueiredo, professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP, e por Pedro Chamma Neto, engenheiro da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). 

Com grande durabilidade, o uso de tubos de concreto reforçados com fibras de aço pode trazer diversos benefícios na implantação de sistemas de saneamento básico no país, desde coleta e tratamento de esgoto, até águas pluviais. 

A durabilidade pode ser a solução mais adequada para um país com pouca cultura de manutenção. E embora ainda não tenham sido feitos estudos em uso, já que o produto é uma inovação, tudo indica que a vida útil dos tubos reforçado com fibras de aço traz grandes vantagens em relação aos tubos convencionais de concreto, armados com telas de aço. 

“A verificação da durabilidade ainda não ficou sacramentada, pois ainda não houve uma obra piloto para experimentação e comparação. Mas estamos interessados em nos colocar à disposição para um projeto piloto de aplicação, com possibilidade de monitoramento da obra e desenvolvimento de um programa de inspeção e manutenção, com o intuito de coletar dados”, afirma o professor Figueiredo. 

Vida útil 
Uma das principais razões para a maior vida útil dos tubos é que as fibras de aço (longas), já utilizadas em pavimentação, reforçam o tubo de maneira uniforme e em toda sua espessura, tornando a peça mais resistente. “Tudo isso melhora o desempenho do concreto e influencia na durabilidade do tubo, principalmente no início das deformações”, diz Figueiredo. 

Algumas indústrias de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul já começaram a adequação para a produção de tubos reforçados com fibra de aço. A adaptação fundamental é adequação do equipamento instalado para a passagem da mistura com a fibra que pode demandar alguns ajustes para possibilitar a correta moldagem das peças. 

Além disso, é fundamental a introdução de um equipamento alimentador de fibras, importado, para a produção em grande escala. “Uma das grandes vantagens para a indústria é o aumento da velocidade de produção. O tubo reforçado com fibras elimina a etapa de colocação da armadura de tela, já que o próprio concreto é misturado com as fibras, e torna mais fácil o preenchimento das fôrmas. 

Os custos de produção, por sua vez, são próximos ao do tubo armado convencional”, explica ele. Além disso, como o tubo é mais resistente, haverá menos quebras e perdas durante o transporte e armazenagem, reduzindo custos das obras. 

Norma 
Outra boa notícia é que os tubos reforçados com fibras já nascem normalizados. A versão final da revisão da norma de especificação brasileira para tubos de concreto para águas pluviais e esgoto, a NBR 8890, agora prevê também a utilização de fibras de aço para reforço do concreto em tubos. A norma contempla algumas mudanças no sistema principal de qualificação dos tubos com fibras, e reformula o procedimento de ensaio de compressão axial. 

No caso de utilização de fibras de aço, o procedimento de ensaio consiste numa rotina de carregamento, descarregamento e re-carregamento do tubo, de modo a verificar sua capacidade de resistência. A norma é mais exigente para os tubos reforçados com fibras do que para os tubos convencionais, não permitindo o surgimento de qualquer tipo de dano ao componente quando submetido à carga de fissuração prevista para o tubo convencionalmente armado. 

“Além disso, o procedimento envolve um prolongamento no procedimento do ensaio, em relação à norma européia, de modo a possibilitar a determinação da carga máxima pós-fissuração, o que é um parâmetro fundamental para a otimização do sistema de reforço com fibras para os tubos”, acrescenta Figueiredo. 

A norma foi desenvolvida em paralelo com a norma de especificação da própria fibra de aço. “Assim, mesmo representando uma inovação, isso permite a compra de tubos reforçado com fibras por parte de órgãos governamentais, que só podem especificar produtos normalizados”.

Autor: Assessoria de imprensa