País começa a importar gás liquefeito

O navio de transporte de GNL, Golar Spirit, vai partir no dia 31 de Cingapura com destino ao porto de Pecém, no Ceará, disse ontem em Londres Marcio Bastos Demori, o executivo da Petrobras responsável pela compra de GNL.O Brasil vai se tornar o segundo país latino-americano a importar gás natural liquefeito, depois da Argentina. O GNL é um gás resfriado a temperaturas inferiores a 160 graus, para ser transportado como líquido.

“O problema do Brasil é o forte crescimento da demanda por combustíveis”, disse Frank Harris, chefe para GNL Global da Wood Mackenzie Consultants, com sede em Edimburgo. O Brasil depende da energia hidrelétrica para a maior parte de sua geração de eletricidade e vai importar GNL durante a época da seca, afirmou.

O Brasil e a Argentina adotam a tecnologia que usa equipamento no próprio navio para transformar o líquido novamente em gás, o que acaba com a necessidade de terminais para regaseificação em terra. Com essa tecnologia, o gás pode ser bombeado diretamente para a rede de gasodutos do país.

A Petrobras contratou os navios Golar Spirit e Golar Winter para fretes por um período de dez anos da empresa Golar LNG, controlada por John Fredriksen, bilionário norueguês do setor de navegação. Os dois navios-tanques vão receber unidades de regaseificação.

A Petrobras contratará um segundo terminal para a importação de GNL, usado pelo Golar Winter, na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, ainda neste ano, disse Demori. Há planos para um terceiro terminal em São Luís (MA).

Pouca oferta

O Golar Spirit receberá a carga no trajeto a partir de Cingapura, disse Demori, sem revelar o local exato.A Nigeria LNG, projeto parcialmente pertencente à Royal Dutch Shell, é um fornecedor potencial, disse Harris, da Wood Mackenzie. Relatório na revista “LNG Intelligence” em julho dizia que a Petrobras negociava um acordo de fornecimento com Omã e que poderia receber um fornecimento adicional do combustível do Qatar.

A exemplo de outros potenciais importadores do combustível no longo prazo, o Brasil pode enfrentar pouca oferta de GNL, disse Debbie Turner, diretora para GNL da BS Energy Services, de Londres.

O Brasil consumiu 50,8 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia em 2007. O consumo pode subir para 134 milhões de metros cúbicos por dia até 2012, segundo a Petrobras.

O país usará 48 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural para gerar eletricidade, contra 5,5 milhões de metros cúbicos em 2007, disse Demori.

Autor: Canal do Transporte