Japão tenta ‘vender’ tecnologia de trem-bala para o Brasil

Empresários e integrantes do governo japonês apresentaram uma proposta preliminar de implantação do trem de alta velocidade, o trem-bala, nesta terça-feira (13) para um público de cerca de 50 pessoas, entre eles, integrantes do governo. A proposta ainda não tem custo definido, segundo os empresários, porque os estudos de viabilidade técnica e econômica que estão sendo realizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ainda não foram apresentados. O estudo deve ficar pronto em outubro. O custo esperado pelo governo, no entanto, é entre US$ 9 e US$ 11 bilhões. Outras tecnologias estudadas pelo governo são a coreana e a francesa.

O trem de alta velocidade brasileiro, de acordo com a proposta, teria velocidade de 320 km/h e oito carros por trem, atendendo a cerca de 17 milhões de passageiros por ano, cerca de 3 mil por hora. Por hora, cinco trens sairiam da estação do Rio de Janeiro para São Paulo. No caso do transporte aéreo, saem quatro vôos por hora. O percurso inicial do trem-bala brasileiro ligaria os aeroportos do Galeão (Rio de Janeiro), Guarulhos (São Paulo) e Viracopos (Campinas). Um dos objetivos da obra seria aliviar o trânsito ao redor dos aeroportos. Segundo a proposta, a viagem entre Rio de Janeiro e São Paulo levaria 80 minutos.

O vice-presidente da Mitsui brasileira, Masuo Suzuki, ressaltou que exploração comercial do espaço ao redor das estações (com hotéis, lojas, publicidade) é essencial para melhorar a rentabilidade do projeto e garantir a sustentação econômica até a receita do empreendimento superar as despesas. “No caso do trem japonês, o governo cedeu os direitos de exploração comercial da área periférica por 50 anos. Seria difícil garantir a rentabilidade somente com a exploração das operações de transporte”, disse. 

Importação 

Representantes de três fabricantes japonesas – Kawasaki, Toshiba e Mitsubishi – explicaram como a tecnologia japonesa de construção de trens de alta velocidade – Shinkansen – foi utilizada na construção do trem-bala de Taiwan. O governo local estabeleceu imite máximo para a tarifa cobrada, que chega a custar US$ 50 no trecho mais longo, de cerca de 300 quilômetros. Segundo o representante da Kawasaki, Masashi Ishizuka, o trem-bala japonês é o “mais ambientalmente correto do mundo”.

No caso de Taiwan, o trem e as peças foram importadas do Japão, já que o país não se interessou em ser alvo da transferência tecnológica, segundo Suzukii. “Taiwan não possui indústria ferroviária desenvolvida. O Japão procurou o que seria vantajoso nacionalizar. Essa nacionalização depende da demanda e tem que ser estudada caso a caso. Nos Estados Unidos, por exemplo, construímos uma fábrica de montagem de trem”, explicou. 

Financiamento 

Para Suzuki, o mais importante é garantir apoio do governo para viabilizar o projeto, “que ultrapassará os U$S 10 bilhões facilmente”. No caso do trem de Taiwan, que custou US$ 15 bilhões, US$ 3,5 bilhões foram obtidos com investidores, e os outros US$ 11,5 bilhões foram de financiamentos com instituições financeiras do país. O governo de Taiwan, nesse caso, aceitou a condição de assumir o financiamento caso as empresas investidoras falissem.

Outra medida necessária, na opinião de Suzuki, seria a criação de uma polícia específica para os trens de alta velocidade. “Um dos fatores que garantiram o sucesso do trem de alta velocidade foi a garantia de segurança que os usuários têm”, afirmou.

A título de comparação, os empresários mostraram que uma das linhas de operação do trem-bala, com cerca de 500 quilômetros de comprimento (distância semelhante entre Rio de Janeiro e São Paulo) gerou uma receita de US$ 10 bilhões em 2006 e atingiu quantidade de usuários cinco vezes maior em pouco mais de quarenta anos. O país conta com cerca 2176 quilômetros de linha para trem-bala, maior extensão em um único país.

Deputados integrantes da frente parlamentar ferroviária, que viajaram com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff para o Japão há poucos dias, participaram do seminário. “Estamos acompanhando de perto tudo o que tem sido feito nesse sentido”, garantiu o presidente da frente parlamentar, deputado Jaime Martins (PR-MG).

Dilma Rousseff já anunciou que pretende lançar o edital de licitação em fevereiro de 2009.

Autor: G1 – Mariana Alejarra