Sob estes alertas realizou-se em 11 de setembro de 2025 no INSTITUTO DE ENGENHARIA, por iniciativa da sua Divisão de Engenharia Sanitária e com o apoio da Secretaria Extraordinária de Mudanças Climáticas da Prefeitura do Município de São Paulo, o evento técnico que abordou e discutiu o problema da ocupação da bacia e da qualidade da água da represa de Guarapiranga inserida na Área de Proteção e Recuperação de Mananciais APRM-G.
Embora o evento tenha dado suporte à discussão de vários assuntos de cunho social, esportivo e sanitário de suma importância, o texto a seguir, elaborado pelo Grupo de Trabalho especialmente nomeado pelo IE, discorre apenas sobre a poluição do manancial e da crescente dificuldade quanto ao tratamento de suas águas com vistas à potabilização, a ponto de se estar incorrendo no risco da perda do manancial como tal;
Das informações abordadas no texto completo deste documento emergem as seguintes conclusões:
- A ocupação irregular da bacia do Guarapiranga é crescente e irreversível;
- Carência de infraestrutura sanitária adequada advindo que cerca da metade dos esgotos gerados na bacia não são tratados;
- Lançamento do esgoto bruto rico em nutrientes, (principalmente Nitrogênio e Fósforo), patógenos, substancias orgânicas e inorgânicas, além de poluentes emergentes nos corpos d’água da bacia e desses para o reservatório;
- Agravamento desta situação em períodos chuvosos, pelas cargas difusas que afluem aos corpos d’água;
- Aumento do grau de eutrofização em consequência da proliferação de algas e outros microrganismos, que produzem substâncias causadoras de gosto e odor em consequência;
- Desequilíbrio do ecossistema aquático devido a decomposição dessa matéria orgânica, gerando um ciclo de degradação provocando uma diminuição dos níveis de oxigênio no lodo de fundo do reservatório que por sua vez solubiliza metais como Fe e Mg, além de produzir substâncias odoríferas como dióxido de enxofre;
- Impacto no processo de tratamento de água a ponto de se ter que utilizar produtos químicos oxidantes, além de algicidas, substâncias ambientalmente desfavoráveis;
Em paralelo, anomalias na rede de coleta de esgoto, como rupturas, paralização de bombeamento por queda de energia elétrica e vandalismo, aliados a pontos de lançamento nos córregos por ocupação irregular das margens e na própria represa, completam esse quadro sombrio, cuja magnitude é crescente.
Pelo exposto naquele evento, as proposições que aqui se fazem, para providências a curto e médio prazos são as seguintes:
Medidas de Curto prazo
- a) Implantação de unidades de tratamento em tempo seco nos principais córregos afluentes ao Guarapiranga:
Esta é uma proposta já encaminhada pelo INSTITUTO DE ENGENHARIA, consubstanciada em oficio enviado às autoridades competentes em outubro de 2024.
Na ocasião, o IE já alertava:
“O Guarapiranga, dentre os mananciais que abastecem a RMSP, é o que apresenta a pior condição sanitária estando caminhando rapidamente para uma situação crítica para aproveitamento como manancial e também para a prática de esportes aquáticos, e recreação de contato, não podendo mais aguardar soluções que demandem muito tempo para implantação. É com certeza a prioridade mais premente que hoje se apresenta ao Governo do Estado de São Paulo.
A implantação de unidades de tratamento, ex situ, em tempo seco (UR), nos mesmos moldes que foram adotadas na bacia do rio Pinheiros, nos principais afluentes da represa (rio Embu Mirim e dos córregos Bonito/Pedras, São João e Parelheiros), objetivando principalmente a remoção de Fósforo, principal agente causador da eutrofização da represa, é a solução a curto prazo que mais se coaduna com as necessidades de proteção daquele manancial a fim de que o tratamento de água não sofra solução de
continuidade devido a problemas relacionados à qualidade da água bruta, com consequente risco de desabastecimento de toda a RMSP”. b) implantação de tratamentos complementares de urgência na Estação de Tratamento de Água do Alto da Boa Vista.
Os estudos realizados indicam que tecnologia do Carvão Ativado em Pó (CAP), está limitada pelo nível de MIB presente na água bruta, responsáveis pela ocorrência de gosto e odor objetável da água tratada
.É necessário, pois, a implantação de tratamentos adicionais em complemento ao processo de tratamento convencional da ETA ABV.O tratamento complementar seria um processo composto basicamente de câmaras de ozonização seguidas por leitos de Carvão Ativado Granular (GAC).No Japão essa tecnologia já é amplamente utilizada, pois há limites de Norma de Potabilidade para o Metilsoborneol (MIB) e Geosmina, o que não acontece no Brasil.
Essa é uma medida de grande impacto positivo na melhoria da qualidade da água na Estação de Tratamento, principalmente no que se refere a gosto e odor;
Medidas de médio e longo prazos
Modernização da Estação de Tratamento de Água da ESTAÇÃO DE Tratamento de Água do Alto da Boa Vista com a adoção de processos de tratamento avançados
Objetiva-se com essas medidas´ atender às necessidades de potabilização da água do manancial Guarapiranga, que se encontram atualmente sob condições que variam entre os estados super e hipertróficas
Será, pois, imperativo o tratamento de poluentes emergentes que necessitam ser “neutralizados” de forma a atender aos padrões de potabilidade.
O saneamento da região com a implantação de redes de esgotos e de estações de tratamentos localizadas na própria bacia ou na ETE Barueri, principalmente nas áreas irregulares, não deverá sofrer solução de continuidade, ao contrário, tais obras deverão ser aceleradas,
São Paulo, 27 de outubro de 2025
Elaboração: Grupo de Trabalho criado em 11 de setembro de 2025 no evento SEM ÁGUA NÃO HÁ VIDA – GUARAPIRANGA PEDE SOCORRO, com apoio da Divisão Técnica de Engenharia Sanitária do INSTITUTO DE ENGENHARIA.






