Palestra do Prof. Paulo Artaxo no GT Bioeconomia Nacional






Palestra do Prof. Paulo Artaxo no GT Bioeconomia Nacional


Palestra do Prof. Paulo Artaxo no GT Bioeconomia Nacional

Uma análise sobre mudanças climáticas, energia e o papel da engenharia no futuro do Brasil.

Com mediação do Eng. George Paulus e da Enga. Larissa Fé, e abertura realizada pelo Presidente do Instituto de Engenharia, Eng. José Eduardo Jardim, a palestra do Prof. Paulo Artaxo ofereceu uma visão aprofundada sobre os desafios climáticos que o Brasil enfrenta. A seguir, apresentamos os principais pontos deste encontro, explorando as urgentes mudanças climáticas e o papel fundamental da engenharia na construção de um futuro mais sustentável.

O Clima no Brasil: Não é Só Temperatura

O Prof. Artaxo destaca que o clima engloba não apenas a temperatura, mas também o regime de chuvas. O Brasil está se tornando mais seco, especialmente no Vale do Rio São Francisco e no Brasil central, onde a economia do agronegócio é forte. Dados da Embrapa de 2019 mostram um avanço rápido de regiões com alto déficit hídrico para áreas como Tocantins, Mato Grosso e Goiás, com previsão de atingir Rondônia na próxima década, impactando enormemente a economia brasileira.

Eventos Climáticos Extremos e a Lei de Clausius-Clapeyron

Os eventos climáticos extremos têm aumentado drasticamente. Esse aumento está ligado à Lei de Clausius-Clapeyron: para cada grau de aumento de temperatura, a atmosfera pode reter 7% a mais de vapor d’água. Isso significa que, quando chove, há muito mais água disponível para cair, intensificando eventos extremos como os vistos no Texas, no Rio Grande do Sul e nas ondas de calor na Europa, que impactam imensamente a saúde da população.

Engenharia para um Futuro Sustentável

A engenharia é fundamental para enfrentar a crise climática. Em novos materiais, o desafio é criar produtos mais leves e resistentes que emitam menos gases de efeito estufa. Na engenharia elétrica, é preciso adaptar as redes de distribuição para a geração descentralizada de energia solar e eólica, migrando de um modelo centralizado para um sistema mais distribuído, um processo complexo que requer sofisticação técnica.

Geração de Eletricidade a Partir do Metano do Lixo

A captura do metano gerado em lixões é uma solução valiosa. Ao invés de liberá-lo na atmosfera, o metano pode ser convertido em eletricidade. São Paulo já possui quatro lixões que geram energia assim, e Estocolmo é aquecida no inverno pela combustão do metano do lixo. O professor enfatiza a necessidade de legislação que incentive o aproveitamento de resíduos orgânicos para geração de energia.

Hidrogênio como Armazenamento de Energia

O hidrogênio é visto como uma forma eficiente de armazenar energia. Através da eletrólise da água, ele pode ser usado em células de combustível. A USP já opera quatro ônibus movidos a hidrogênio, a partir da conversão de etanol. Embora o processo ainda não seja economicamente viável, há grandes expectativas para o desenvolvimento de novas tecnologias que o tornarão acessível no futuro próximo.

Potencial do Brasil em Energias Renováveis

O custo por gigawatt de energia solar e eólica já é menor do que o da energia de fontes fósseis. Dado o potencial do Brasil, é crucial investir em renováveis. No entanto, é preciso redesenhar a rede de distribuição para lidar com a intermitência. O Brasil tem a vantagem de uma rede interligada que permite usar solar/eólica durante o dia e hidroeletricidade à noite, uma vantagem que poucos países possuem.

Transição Energética e Eliminação do Desmatamento

A COP30 deve focar na rápida transição de combustíveis fósseis para energias sustentáveis. Além disso, é crucial eliminar o desmatamento de florestas tropicais até 2030, que hoje é responsável por 11% das emissões globais. A adaptação da sociedade e da economia ao novo clima deve ser uma prioridade para minimizar impactos.

O Setor Energético e o Futuro do Clima

É fundamental evitar um colapso do sistema climático global. Nesse esforço, o setor energético é crítico para a construção de um mundo mais sustentável, justo e com menores emissões. O foco deve ser a eliminação de fontes de emissão, como o desmatamento, e a transição para uma matriz energética limpa para garantir um clima minimamente estável.

Assista à Palestra Completa

Para uma análise aprofundada sobre as mudanças climáticas e o futuro da bioeconomia, assista à palestra integral do Prof. Paulo Artaxo:

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