Manifestação do Instituto de Engenharia Referente ao Projeto Complexo Viário Túnel Sena Madureira

O Instituto de Engenharia recebeu, no dia 24 de setembro de 2025, uma delegação da Prefeitura de São Paulo, com a finalidade de expor o Projeto do Viário e Túnel Sena Madureira aos técnicos desta centenária associação.

Compareceram, nesta apresentação, os secretários de Infraestrutura Urbana e Obras, do Verde e do Meio Ambiente e de Habitação, como também os presidentes das empresas municipais SP Obras e CET – Companhia de Engenharia de Tráfego.

Para participar deste evento, foram convidados por nossa instituição especialistas em mobilidade que tomaram conhecimento das principais características desse projeto. Cada representante da municipalidade apresentou o empreendimento no âmbito de suas respectivas competências, demonstrando uma abordagem integrada de grande complexidade.

Os representantes da Prefeitura deixaram clara a ousadia de propor obras impactantes para eliminação de pontos críticos, que melhoram as condições do individual, com vistas a reduzir congestionamentos e o desperdício de horas da população.

A Prefeitura cedeu cópia do material técnico utilizado na apresentação aos técnicos que participaram do evento, para orientar as análises e documentação em nossa instituição.

Os especialistas do Instituto de Engenharia avaliaram a iniciativa como uma decisão estratégica para resolver, tanto o gargalo crônico existente na interseção da Av. Domingos de Moraes com a Rua Sena Madureira, como um empreendimento que oferece uma ligação metropolitana entre as Zonas Sul e Sudeste de São Paulo, com os municípios do ABC e Baixada Santista.

Dessa forma, os túneis proporcionarão a liberação do tráfego de pedestres e bicicletas na superfície, além de atrair o tráfego de automóveis que utilizam de outras vias compartilhadas com o transporte de ônibus, proporcionando melhor desempenho do transporte coletivo na Capital.

Quanto às técnicas construtivas, observaram que a concepção de engenharia é moderna e segura, alinhada às melhores práticas mundiais. O uso do método construtivo NATM, apresentado com planejamento detalhado para a interação com a infraestrutura existente, como o caso da interferência com a Linha 1- Azul do Metrô, demonstram o cuidado técnico e a preocupação em mitigar riscos.

Os técnicos do Instituto de Engenharia reconhecem como positiva essa importante iniciativa de implementação do empreendimento e entendem que a concepção apresentada pode ser objeto dos importantes aprimoramentos propostos pela entidade:

– Recomendação 1: Movimento de conversão à esquerda na Avenida Domingos de Moraes, no sentido Centro/Bairro:
Atualmente, existe uma importante conversão à esquerda na Avenida Domingos de Moraes (sentido C/B) em direção à Rua Monsenhor Manoel Vicente. São três faixas de tráfego que impõem o controle por semáforo de três estágios, sendo o principal responsável pelos congestionamentos e lentidão do trânsito nesta interseção. Esse importante fluxo não foi contemplado na solução em desnível e continuará a sobrecarregar o trânsito da interseção. Para melhorar o desempenho do tráfego na superfície é importante incluir esse movimento no novo túnel sul. Esta adequação melhorará o desempenho do complexo viário como um todo, especialmente a circulação dos ônibus e a maior segurança dos pedestres.

– Recomendação 2 – Geometria e Semáforos nos Emboques dos Túneis:
Os desenhos apresentados de requalificação viária e sinalização do emboque leste dos túneis, preveem o cruzamento com a Rua Souza Ramos controlado por semáforo para disciplinar os fluxos de veículos e pedestres. Esse tipo de controle acarretará conflito no cruzamento e fila dentro do túnel sul.

Recomenda-se deixar o tráfego livre na saída do túnel, afastando o controle dos fluxos para fora do emboque, ou mais próximo da confluência das Ruas Barros Cruz, Embuaçu e Maurício Francisco Klabin.

Nova geometria deverá ser projetada, contando com canalização dos fluxos e controle de semáforos no local. No Emboque Oeste, o túnel sul, também apresenta controle por semáforos para disciplinar veículos e pedestres. A instalação de se máforo na entrada do túnel sul poderá transferir para este local grande parte dos conflitos que se pretende eliminar com a solução em desnível. É desejável deixar fluxo livre para acesso ao local, mas ainda depende de um projeto de circulação, envolvendo a Rua Mairinque e Rua Nuporanga, bem como estudo para a travessia de pedestres e revisão da geometria de todas as vias que chegam neste local.

– Recomendação 3 – Projeto do sistema viário provisório durante obras:
As obras dos túneis exigirão interdições de trechos do viário e alterações na circulação da região, tanto para remoção de material das escavações quanto para as obras de adequação da geometria nos emboques dos túneis. Os desvios do trânsito, durante obras, precisam ser estudados em função do carregamento dos fluxos na área de influência das vias atingidas pelas interdições. O projeto apresentado pela Prefeitura de São Paulo não mostrou os impactos dos desvios do tráfego, nem a proposta emergencial de circulação durante obras. Assim, recomenda-se o desenvolvimento de um estudo de circulação emergencial para a área afetada, aprovado pela equipe técnica da CET, como também seja
programado o acompanhamento operacional do trânsito durante execução das obras.

– Recomendação 4 – Projeto do sistema viário definitivo:
Foram expostas algumas pranchas com a sinalização horizontal e indicação de implantação de novos semáforos ou controle dos fluxos de tráfego no viário resultante das obras. Entretanto, faltou apesentar Plano de Circulação Definitivo a ser implementado para o novo sistema viário. A reconfiguração das vias que dão acesso aos túneis exigirão novas regras de circulação para as vias afetadas pelas mudanças, tais como: Rua Sena Madureira, Rua Monsenhor Manuel Vicente, Rua Francisco Cruz, Rua Maurício Francisco Klabin, Rua Mairinque e Rua Madre Cabrini. Outras vias, também, serão afetadas pelas transformações. Todavia, não foi apresentado um estudo de trânsito para atender com segurança e fluidez a
nova configuração da região que se inicia no Ibirapuera e vai até a Av. Doutor Ricardo Jafet.

É necessário um estudo de carregamento e simulação dos novos fluxos de tráfego para toda a região afetada pela introdução dos túneis, definindo um plano de circulação, segurança de pedestres, prioridade para os transportes coletivos, novas regulamentações e controle de fluxos de tráfego. Tal análise poderá indicar a necessidade da inclusão de outra obra de arte com passagem em desnível, especialmente na proximidade da Rua Vergueiro, para que não haja comprometimento da capacidade de escoamento do tráfego.

– Recomendação 5 – Implementação de um Jardim Linear:
Como forma de compensação da remoção de árvores nas imediações do túnel
Sena Madureira, recomenda-se a construção de um parque linear nas imediações
da intervenção proposta.

– Recomendação 6 – Reforço na Política Social em relação à População Desalojada:
O Instituto de Engenharia, preocupado com as intervenções necessárias para o desenvolvimento saudável da cidade e seus impactos sociais junto à população lindeira, recomenda-se cuidado especial no apoio às famílias que serão remanejadas, oferecendo as melhores condições possíveis condizentes com as boas práticas da engenharia.

CONCLUSÃO: O Instituto de Engenharia reitera seu apoio à licitação e execução
do Complexo Viário Túnel Sena Madureira, por entender que se trata de um
legado positivo para a infraestrutura de São Paulo, propõe sugestões que
objetivam um melhor desempenho do empreendimento, e se coloca à disposição
para colaborar tecnicamente com o poder público no desenvolvimento da cidade
de São Paulo.